12.07.2015 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pessoas. No quarto reservado ao alojamento dos homens, havia um cantocom uma cortina on<strong>de</strong> se podia isolar e lá fora existia sempre a luz inconstantee o silêncio, que apenas o vento conseguia romper por vezes.Não, ele recordava-se <strong>de</strong> súbito que iriam passar a ser nove e não oito.Nove pessoas, porque nesse dia ia chegar uma outra cientista.Ao pequeno-almoço, Shoesmith proferira um dos seus anúncios sonantes:— Como a maior parte <strong>de</strong> vocês já sabe, a dra. Alice Peel, <strong>de</strong> Oxford,chega hoje mais para o fim da tar<strong>de</strong>. Peço-lhes que façam tudo o que estiverao vosso alcance para a receberem nas melhores condições.Do outro lado da mesa, Jochen van Meer, o médico da estação, ergueraa sobrancelhas louras e espessas e dirigira um largo sorriso aos restanteshomens. — Será um prazer.Oito, nove, pensava Rooker. Não fazia qualquer diferença.Através das pálpebras cerradas sentiu uma sombra a mover-se e ergueu-aspara ver o que era. Uma enorme gaivota castanha pousara a poucosmetros <strong>de</strong> distância e observava-o com a cabeça inclinada. Estas gaivotasescuras costumavam ro<strong>de</strong>ar os penhascos próximos da porta da base para<strong>de</strong>bicar as migalhas <strong>de</strong> comida e tinham aprendido rapidamente a seguir ostrenós quando estes saíam. Remexeu no bolso do anoraque até encontrarum quadrado <strong>de</strong> chocolate, já com fios do casaco agarrados, e atirou-lho.Ouviu-se um som crocante e o fragmento <strong>de</strong>sapareceu no meio do bicoadunco.Do interior do bolso, chegou-lhe o barulho da rádio. A voz <strong>de</strong> Shoesmithirrompia entre o zunido da transmissão. — Base, aqui base Kandahar, basepara Rooker. Over.— Escuto — respon<strong>de</strong>u Rooker.Tudo era irritante em Shoesmith, incluindo a maneira como falavapelo rádio.Já no seu primeiro encontro no hotel <strong>de</strong> Punta Arenas que antece<strong>de</strong>raa viagem até ao Sul, Rooker apercebera-se que Shoesmith tinha aquelaconvicção, comum aos estudantes do ensino público inglês, <strong>de</strong> que tudoo que fazia era correcto porque sempre o fizera assim. A sensação que eletransmitia a Rooker era a <strong>de</strong> uma pessoa segura, mas essa segurança não sebaseava em competência ou em visão.O problema residia na sua voz, nos modos e até no rosto atraente e coradoque levavam Rooker a recordar-se <strong>de</strong> Henry Jerrold, <strong>de</strong> Nuremberga,em Inglaterra, a quem <strong>de</strong>sejava esquecer para sempre.Rooker escutou a instruções do chefe. Enquanto a equipa <strong>de</strong> glaciologistasestava a trabalhar, Richard pedia-lhe que regressasse à base na moto<strong>de</strong> neve, e transportasse a bióloga francesa até uma das suas colónias <strong>de</strong>pinguins. A seguir, <strong>de</strong>via chegar o navio <strong>de</strong> abastecimento. Rooker teria <strong>de</strong>67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!