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Untitled - Saída de Emergência

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Mais tar<strong>de</strong>, ela aninhou-se <strong>de</strong> encontro a ele, tão leve como um passarinho.— Vamos arranjar um sítio melhor que este, Rook. Amanhã, vou começara procurá-lo. Se calhar uma daquelas casinhas, lindas, com telhado<strong>de</strong> estanho, azuis e vermelhas, que vi ao longo do caminho, na viagem <strong>de</strong>táxi? E <strong>de</strong>pois, assim que acabasse <strong>de</strong> a <strong>de</strong>corar, ia procurar trabalho. Talveznum dos hotéis ou no posto <strong>de</strong> turismo? Po<strong>de</strong> ser até que venha até a andar<strong>de</strong> uniforme azul, com o meu nome numa placa. Era engraçado, não era? Edirei aos turistas, “Sejam bem-vindos a Ushuaia. Desejo-vos um dia agradável.”A seguir volto para casa e preparo o jantar para os dois. Bebemos umagarrafa <strong>de</strong> vinho, vemos televisão e a seguir vamos para a cama. O que teparece?Rook achou este cenário tão realista, como se Edith estivesse a pensarser eleita presi<strong>de</strong>nte e planeasse o que iria fazer em relação aos reposteirosda Casa Branca.O quarto permanecia em sossego e não havia nada no exterior a interromperaquele silêncio. Rook estava sentado, sem nada ouvir à sua volta. Sónos dias <strong>de</strong> pagamento é que as ruas ficavam muito agitadas à noite.Edith adormeceu, enroscada sobre os pulsos pequenos. Ele movia-se<strong>de</strong>vagar, enquanto vestia o casaco e agarrava nas botas que <strong>de</strong>ixara junto àsalamandra. No limiar da porta, hesitou, e olhou para trás, na direcção <strong>de</strong>la,perguntando a si própria se iria sentir uma ponta <strong>de</strong> afecto ou <strong>de</strong> ternura.Não sentiu nada. Po<strong>de</strong>ria estar a olhar para uma estranha a dormir no banco<strong>de</strong> uma estação, ou para a imagem <strong>de</strong> uma mulher numa revista.Costumava ser insensível ao frio, mas ao transpor a porta da rua e começara caminhar pela rua, Rooker ia a tremer.Encontrou um conhecido seu num bar, num sítio diferente daqueleon<strong>de</strong> tinha estado antes nesse dia, mas semelhante em todos os aspectos.Dave era um neo-zelandês corpulento e louro, <strong>de</strong> aspecto hirsuto, querecorria a trabalhos ocasionais para custear as suas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vela e escalada.— Andam a procurar pessoal lá para o Sul — disse ele para Rooker.O único sítio mais a sul <strong>de</strong> Ushuaia, era o continente da Antárctida.Rook <strong>de</strong>u outro gole na bebida. — Ah, sim? Em McMurdo?McMurdo era a estação <strong>de</strong> pesquisa americana polar, que ficava maispara baixo, na plataforma <strong>de</strong> gelos <strong>de</strong> Ross. Rooker trabalhara ali duranteuma das curtas estações <strong>de</strong> Verão, quando tinha pouco mais que vinte anos.Fora uma época sombria. Tinha passado a maior parte do tempo a conduzirum autocarro <strong>de</strong> serviço, entre a estrada <strong>de</strong> terra batida da base e o campo<strong>de</strong> aviação a uns quilómetros <strong>de</strong> distância. As poucas recordações que lherestavam <strong>de</strong>sse tempo, relacionavam-se com os tempos livres que passavanum bar, <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> qualquer janela. Mas fora ao ver os pilotos dos heli-18

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