12.07.2015 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tiu que a filha a conduzisse suavemente até ao sofá. Sentaram-se ali, assimque Alice afastou o gato para o lado.— On<strong>de</strong> está o pai?— Ele vai <strong>de</strong>scer assim que se aperceber <strong>de</strong> que estás aqui. Antes disso,quero falar contigo.— Há algum problema? Foi consultar o dr. Davey?— Não faças confusões, Alice. Sinto-me perfeitamente bem. —Margaret tinha os pés calçados com as meias elásticas, pousados firmementeno chão, bem unidos e com as pontas viradas para a frente. Sentara-se <strong>de</strong>costas direitas e <strong>de</strong> mãos cruzadas.A mãe queria ser invulnerável, manter inalteráveis as capacida<strong>de</strong>s econhecimentos supremos, que sempre conseguira ter. Alice compreendiaisso perfeitamente. Sabia que ela repudiava a sua crescente <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> física,como se isso correspon<strong>de</strong>sse a uma fraqueza moral. De facto, em Margaretnão havia nada <strong>de</strong> frágil, nem nunca tinha havido. Fora uma das primeirasmulheres cientistas a penetrar no domínio masculino da pesquisa antárctica;filmara as suas focas <strong>de</strong>baixo do gelo do mar glaciar e nunca se sentiraintimidada com coisa alguma, só por ser uma mulher, esposa, ou mãe. Emlugar disso, eram a sua gran<strong>de</strong> energia e perseverança que faziam com todosse sentissem mais fracos, ao comparar-se com ela. Fora a constatação <strong>de</strong>stefacto que <strong>de</strong>ra origem a um dos laços mais fortes que uniam Alice e o seupai.— Não, o assunto relaciona-se contigo — anunciou Margaret.Alice fez um esforço para não suspirar. — Diga. Estou a escutá-la —afirmou.— Apetece-te um café? — Margaret olhava para a cozinha por cimados bifocais, como se aquela correspon<strong>de</strong>sse a uma região inóspita e inexploradaaté então. Não porque a assustasse, mas porque não lhe ofereciaquaisquer motivos <strong>de</strong> interesse. Era lendária a sua falta <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> paraa cozinha.— Mais tar<strong>de</strong>. Eu <strong>de</strong>pois faço-o.— Muito bem. Agora, on<strong>de</strong> é que nós íamos? Escuta. Tenho um convitemuito importante para te fazer.Margaret bateu com as mãos uma na outra e <strong>de</strong>pois ficou parada, paraprovocar o efeito <strong>de</strong> suspense, enquanto Alice tentava imaginar qual seria ojantar ou a associação que distinguira a mãe com a honra da presidência, eà qual ela ia ser apresentada como uma substituta <strong>de</strong>cepcionante <strong>de</strong> últimahora. O facto <strong>de</strong> ser a filha <strong>de</strong> Margaret Mather não implicava que ela tivessepo<strong>de</strong>res para fascinar as assistências, à semelhança da mãe.— Foste convidada para a estação <strong>de</strong> Kandahar — anunciou Margaret,com toda a solenida<strong>de</strong>.29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!