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Untitled - Saída de Emergência

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Capítulo UmO vento soprava da direcção da baía gelada. À sua passagem, levantavam-sefiapos <strong>de</strong> gelo, mas o homem que trabalhava na armação do telhado parecianão se dar conta do frio, nem dos salpicos <strong>de</strong> gelo que lhe batiam nos olhos.Tinha trepado para a asna <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>scarnada, numa das extremida<strong>de</strong>sdo edifício, e estava agora escarranchado sobre a viga principal, bem acimada amálgama <strong>de</strong> lama e <strong>de</strong> neve que cobria todo aquele local. O hotel <strong>de</strong>veriaabrir no início da curta estação <strong>de</strong> Verão, mas o tempo tinha estado agreste,mesmo para o que era costume <strong>de</strong> acordo com os padrões locais, e o trabalhoavançava <strong>de</strong>vagar, enfrentando diversos problemas. Os prazos já tinhamsido ultrapassados. A um mês do final da obra, nem estava sequer concluídaa primeira fase dos trabalhos. A equipa <strong>de</strong> operários era maioritariamentecomposta por mexicanos, o empreiteiro principal viera <strong>de</strong> Buenos Aires etodos odiavam o frio. O arquitecto trabalhava para um gran<strong>de</strong> gabinete <strong>de</strong>Portland, em Oregan, e fora para a cida<strong>de</strong>, estando ausente há vários dias,sem regressar à base. A empresa hoteleira era <strong>de</strong> origem alemã e regia-sepor um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rígido e por uma estratégia que impunhaa eliminação, pelo tutano, dos custos envolvidos com a construção.No entanto, tudo isto fazia parte da rotina. Era o trabalho, a chatice davida diária. James Rooker nem se dava à maçada <strong>de</strong> reflectir muito sobre oassunto.Nesse momento, <strong>de</strong>bruçava-se sobre a viga, lutando contra a corrente<strong>de</strong> vento e <strong>de</strong> neve, a observar os parafusos que prendiam as vigas <strong>de</strong>stinadasa suster as asnas na <strong>de</strong>vida posição. A ma<strong>de</strong>ira estava lascada e faltavamalguns parafusos. Só podia ser obra do Juan ou do Pepito, claro.Lá em baixo soou o apito a marcar o final do dia. Nesse mesmo instante,o grupo <strong>de</strong> homens começou a dispersar-se pelo terreno a recolher asferramentas e a pegar nos casacos.Rooker olhou para o outro lado da baía e para as pistas <strong>de</strong> neve quese perfilavam ao longo do canal <strong>de</strong> Beagle. Corria o mês <strong>de</strong> Setembro e oúnico navio que se avistava no porto era um inestético quebra-gelos russo,preparado para seguir para Sul, mas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> poucas semanas chegaria o7

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