12.07.2015 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ele não sabia on<strong>de</strong> iria estar quando o Verão finalmente chegasse, mas erapouco provável que ainda se encontrasse ali.Pendurou o casaco e <strong>de</strong>sapertou as botas. Ao lado da pequena salamandra,havia um roupeiro, uma estante, uma mesa com duas ca<strong>de</strong>iras eum recanto recuado, com uma tina e uma cozinha rudimentar. Noutro recanto,estavam a cama e uma cómoda. A casa <strong>de</strong> banho ficava no exterior,e Rooker partilhava-a com o chefe <strong>de</strong> cozinha <strong>de</strong> um dos restaurantes paraturistas, que alugara a parte da frente do piso.— Serve perfeitamente — dissera a Marta, quando esta lhe tinha mostradoo quarto. E serviu, a partir do momento em que conseguiu que ela levassetodas as imagens religiosas, a par das toalhas <strong>de</strong> renda e das almofadas<strong>de</strong> lã que atulhavam o local. Não era esquisito com o lugar on<strong>de</strong> vivia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que este não chamasse <strong>de</strong>masiado a sua atenção.Começou a preparar a sua refeição. Havia restos <strong>de</strong> um estufado <strong>de</strong>carne com feijão que Marta lhe impingira à força, pelo que colocou a panelasobre a placa eléctrica para a aquecer. Tinha pão, um pedaço <strong>de</strong> queijo <strong>de</strong>sabor forte e algumas salsichas fumadas. Quando acabava <strong>de</strong> colocar umprato na mesa, Rooker escutou o som pouco habitual da campainha da portada frente. Devia ser um amigo <strong>de</strong> Guillermo, o cozinheiro, pensou. Porvezes, até Guillermo dispunha <strong>de</strong> uma noite livre no seu trabalho. Ou talveza Marta tivesse arranjado um novo namorado.Da entrada, chegava-lhe o som <strong>de</strong> vozes, a <strong>de</strong> Marta e outra. A visitaera uma mulher.Marta subiu as escadas, quase sem fôlego, e bateu-lhe à porta.— Rook? Tem uma visita — anunciou ela.Este olhou para a sala à sua volta, procurando instintivamente algo quepu<strong>de</strong>sse revelar algo mais sobre si próprio. Mas o sítio estava praticamentevazio, sem contar com as roupas e alguns livros dispersos pelas prateleiras.— Rook? — insistia Marta. Através dos painéis <strong>de</strong>lgados da porta <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira, conseguia distinguir-lhe a respiração arquejante. Da outra mulher,quem quer que ela fosse, não vinha qualquer som.Abriu a porta. O corpo <strong>de</strong> Marta quase bloqueava a entrada.— Entre, querida — convidou esta por cima do ombro, no seu sotaqueforte em inglês americano. A visita não seria, portanto, uma pessoa daregião.Ouviu então o som <strong>de</strong> uns passos leves e rápidos, a subir as escadas.Marta encolheu-se para um dos lados e ele viu que era Edith.— Edith? Santo Deus. O que fazes tu aqui?Edith trazia consigo o cheiro do frio. A neve espalhava-se pelos ombrose reluzia-lhe no cabelo. Inclinou a cabeça e arqueou as sobrancelhas.— Que espécie <strong>de</strong> recepção é essa?11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!