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A viola e seus sons. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

Tradição<br />

Certas constatações estilísticas chamaram a atenção durante o processo de<br />

criação do Concerto para viola e orquestra, como o fato de o compositor criar ambientes<br />

caracterizados pela ocorrência de sonori<strong>da</strong>des associáveis com repertório ligado à tradição<br />

<strong>da</strong> viola, apesar de a experiência adquiri<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong> execução e audição de outras obras<br />

de Borges-Cunha ter apontado para a predominância de um modo de compor<br />

marcant<strong>em</strong>ente distanciado dessa tradição. Alusões à tonali<strong>da</strong>de permeiam a obra, mesmo<br />

que esses eventos não venham a assumir função de relevo na estruturação do material<br />

musical. Segundo o compositor, essas ocorrências visam a permitir que o instrumentista<br />

possa tratar o material melódico por meio de atributos que faz<strong>em</strong> parte <strong>da</strong> tradição do<br />

instrumento, de maneira a estimular a manifestação de el<strong>em</strong>entos de expressão<br />

consoli<strong>da</strong>dos durante o Romantismo musical. Borges-Cunha explicitou diversas vezes seu<br />

desejo de que a técnica tradicional do instrumento devesse prevalecer na abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> do<br />

Concerto. Em conformi<strong>da</strong>de com esse <strong>da</strong>do, as articulações predominantes na parte <strong>da</strong> viola<br />

solo são détaché e legato. Observa-se também o uso de recursos ligados à tradição dos<br />

instrumentos de cor<strong>da</strong>s, como portamento, cantábile (incluindo a indicação de cantábile <strong>em</strong><br />

apenas uma cor<strong>da</strong>), harmônicos naturais e harmônicos artificiais. Encontra-se duas vezes a<br />

indicação senza vibrato. Entend<strong>em</strong>os que, excetuados esses eventos, é <strong>da</strong><strong>da</strong> ao intérprete a<br />

opção de utilizar ou não esse recurso 26 .<br />

Ao associar a sonori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> viola com tradição, referimo-nos a sonori<strong>da</strong>des<br />

comumente associa<strong>da</strong>s à técnica instrumental consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> durante o Romantismo musical,<br />

as quais se relacionam diretamente ao conceito de beleza de som. Trata-se de uma<br />

concepção que caracteriza o som como potencialmente contínuo <strong>em</strong> sua quali<strong>da</strong>de, rico <strong>em</strong><br />

harmônicos 27 , amplo <strong>em</strong> volume, com pouco ruído e com clareza de ataque. Por som<br />

contínuo <strong>em</strong> sua quali<strong>da</strong>de, entende-se um som caracterizado por homogenei<strong>da</strong>de deriva<strong>da</strong><br />

de repetição de padrões de articulação. Por ex<strong>em</strong>plo: a execução de uma ligadura, nessa<br />

concepção, não deve conter acentos indesejáveis, causados por uma mu<strong>da</strong>nça de direção<br />

de arco mal realiza<strong>da</strong> ou pelo uso excessivo de vibrato <strong>em</strong> sua amplitude de maneira<br />

repentina; ou ain<strong>da</strong> <strong>em</strong> razão de uma mu<strong>da</strong>nça de posição que, por ter sido realiza<strong>da</strong> com<br />

excesso de rapidez, provoque um solavanco no arco. Em outro ex<strong>em</strong>plo, para que um<br />

26 A indicação senza vibrato, especificamente, é típica do século XX. O controle sobre o uso do vibrato,<br />

<strong>em</strong> oposição a seu uso s<strong>em</strong> nenhuma espécie de questionamento, reflete, <strong>em</strong> parte, reação aos<br />

excessos de seu uso durante o período romântico (Cf. ZUKOFSKY, 1992: 146).<br />

27 Uma vez que na composição do espectro do referido som também estão presentes parciais<br />

inarmônicos, seria mais apropriado, sob o ponto de vista <strong>da</strong> Acústica, <strong>em</strong>pregar “som rico <strong>em</strong> parciais”<br />

<strong>em</strong> vez de “som rico <strong>em</strong> harmônicos” (Cf. MENEZES, 2004: 24).<br />

104 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . opus

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