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A música nas aberturas <strong>da</strong>s telenovelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />
período entre 1972 e a última produção que está <strong>em</strong> exibição <strong>em</strong> 2012. No período de<br />
1970 a 1972, apenas uma abertura foi encontra<strong>da</strong>: a <strong>da</strong> telenovela Irmãos Corag<strong>em</strong> (1970).<br />
Na citação seguinte, Daniel Filho reitera sua afirmação cita<strong>da</strong> no início desta seção<br />
e vai além, revelando a importância <strong>da</strong> articulação dramático-narrativa <strong>da</strong> canção na vinheta<br />
de abertura:<br />
Encomendei a Nonato Buzar uma música meio Enio Moriconi [Ennio Morricone]. A<br />
letra de abertura que ele fez era tão boa que decidi guardá-la para a vira<strong>da</strong> <strong>da</strong> história<br />
que ocorreria no capítulo 12, quando João Corag<strong>em</strong> acha o diamante. Então fiz com<br />
que a abertura fosse durante os 12 primeiros capítulos somente uma música<br />
instrumental, s<strong>em</strong> letra, para que tivesse uma valorização quando ele achasse o<br />
diamante e entrasse a letra, na voz de Jair Rodrigues: “Irmãos, é preciso corag<strong>em</strong>!”<br />
(FILHO, 2001: 327).<br />
A opção por não incluir a canção canta<strong>da</strong> nos doze primeiros capítulos <strong>da</strong><br />
telenovela cria dois suportes diferentes para a telenovela. Quando a música instrumental<br />
acompanha a vinheta de abertura, a ideia de que a história será sobre a saga dos Irmãos<br />
Corag<strong>em</strong>, representa<strong>da</strong> pelas imagens <strong>da</strong>s personagens cavalgando <strong>em</strong> campo aberto, está<br />
delimita<strong>da</strong>. Quando a letra <strong>da</strong> canção passa a acompanhar a vinheta de abertura, além <strong>da</strong><br />
indicação para o espectador de que, a partir <strong>da</strong>quele momento, algo se transformou,<br />
também já se pontua outro aspecto <strong>da</strong> história que será desenvolvido posteriormente. A<br />
partir <strong>da</strong>quele ponto, os três irmãos terão que ter muita corag<strong>em</strong> para enfrentar as<br />
consequências de se ter <strong>em</strong> mãos um diamante tão grande.<br />
A abertura de O b<strong>em</strong> amado (1973) apresenta imagens <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Salvador que<br />
vão se compondo como um quebra-cabeça. Os versos <strong>da</strong> canção 3 refer<strong>em</strong>-se à história de<br />
Odorico Paraguaçu, a personag<strong>em</strong> principal <strong>da</strong> telenovela. A chega<strong>da</strong> do progresso,<br />
simbolizado na história pelo c<strong>em</strong>itério prometido por Odorico à ci<strong>da</strong>de de Sucupira, está<br />
representa<strong>da</strong> nos versos “Quando o sol <strong>da</strong> manhã v<strong>em</strong> nos dizer que o dia que v<strong>em</strong> pode<br />
trazer o r<strong>em</strong>édio <strong>da</strong> nossa feri<strong>da</strong>”, b<strong>em</strong> como a vingança de Zeca Diabo, representa<strong>da</strong> nos<br />
versos finais “A i<strong>da</strong> pra morte o mal contém”. A música aqui explicita ao espectador um<br />
dos principais conflitos <strong>da</strong> telenovela. As imagens situam o espectador no universo <strong>da</strong> Bahia.<br />
T<strong>em</strong>os então dois discursos acontecendo <strong>em</strong> paralelo, um compl<strong>em</strong>entando ao outro e se<br />
interferindo mutuamente.<br />
3 Canção: O b<strong>em</strong> amado (1973). Compositores: Vinícius de Moraes e Toquinho. Intérprete: Coral Som<br />
Livre.<br />
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