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Essa é uma questão a estu<strong>da</strong>r... Poderíamos, qu<strong>em</strong> sabe, nomear uma comissão...<br />

(D’INDY, Vincent. Concerts Lamoureux. Revue musicale, v. 9, n. 2, 15 fev. 1913 apud<br />

PAULIN, 2010: 18, tradução nossa) 12.<br />

O conceito de “música cin<strong>em</strong>atográfica”, para d’Indy, diz respeito a uma música<br />

que deveria tocar junto com o cin<strong>em</strong>a: ele defende que muitas obras sinfônicas de seus<br />

cont<strong>em</strong>porâneos, por não possuír<strong>em</strong> forma, tratando-se de sensações dispersas, ganhariam<br />

sentido se um recurso plástico as pudesse explicar, adicionando-se o cin<strong>em</strong>a a elas. O artigo<br />

de d’Indy teve desdobramentos, na mesma publicação, meses mais tarde. O seguinte trecho<br />

de Debussy, publicado <strong>em</strong> 1 de nov<strong>em</strong>bro de 1913, foi utilizado para <strong>em</strong>basar uma suposta<br />

abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> cin<strong>em</strong>atográfica pelo compositor:<br />

Resta-nos, entretanto, um meio para fazer reviver o gosto pela música sinfônica entre<br />

nossos cont<strong>em</strong>porâneos: apliqu<strong>em</strong>os à música pura o tratamento do cin<strong>em</strong>atógrafo.<br />

Será o filme 13 - o filme [film] de Ariadne - o que nos permitirá sair desse assustador<br />

labirinto (DEBUSSY, 1989: 214).<br />

Um probl<strong>em</strong>a que aconteceu na língua inglesa foi a tradução de “trait<strong>em</strong>ent du<br />

cinématographe” <strong>em</strong> francês para “techniques of cin<strong>em</strong>atography” (“técnicas de<br />

cin<strong>em</strong>atografia”) no lugar de “cin<strong>em</strong>atographic treatment” (“tratamento do<br />

cin<strong>em</strong>atógrafo”). Mas, mesmo com o termo correto, ain<strong>da</strong> poderíamos interpretar uma<br />

sugestão de abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> composicional por Debussy, o que deixa de ser possível se<br />

continuarmos lendo o trecho, tornando-se claro que não se trata disso:<br />

12 "Quoi qu'il en soit, on se trouve ici en face d'un pièce musicale d'une très haute tenue, où l'auteur ne<br />

sacrifie que très peu à la mode du jour, c'est-à-dire à la musique cinématographique.<br />

Qu'on me permette d'expliquer brièv<strong>em</strong>ent ce terme que j'écris ici très sérieus<strong>em</strong>ent. Il me s<strong>em</strong>ble<br />

qu'un grand nombre de compositions symphoniques modernes, où la sensation prend le pas sur le<br />

sentiment, gagneraient à l'adjonction d'un cinématographe qui serait appelé à expliquer et à déterminer<br />

les diverses phases du morceau.<br />

Du moment que toute forme musicale est bannie, comme suranée et vieux jeu, il me paraitrait<br />

indispensable de faire accompagner toute musique 'sensorielle' par sa représentation plastique.<br />

Cela aurait un double avantage: I) faire comprendre ce que le compositeur a voulu dire à l'auditeur non<br />

snob (car le snob comprend et avale tout ce qui est à la mode... par définition); 2) présenter à l'oeil un<br />

agréable tr<strong>em</strong>blot<strong>em</strong>ent, qui s'harmoniserait à merveille avec les petits chichis orchestraux et autres<br />

titillations auriculaires, constituant général<strong>em</strong>ent le principal mérite de ces compositions.<br />

Ceci est une question à étudier… On pourrait peut-être nommer une commission…" (D’INDY,<br />

Vincent. Concerts Lamoureux. Revue musicale, v. 9, n. 2, 15 fev. 1913 apud PAULIN, 2010: 18).<br />

13 O jogo que ele faz com a palavra fio e filme é clara no francês: fil e film.<br />

opus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273

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