16.04.2013 Views

download da versão impressa completa em pdf - anppom

download da versão impressa completa em pdf - anppom

download da versão impressa completa em pdf - anppom

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Analogias entre textura musical e a montag<strong>em</strong> no cin<strong>em</strong>a mudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

(até agora reservado à imaginação do hom<strong>em</strong>) de saltar de um extr<strong>em</strong>o do universo<br />

até outro, de desenhar juntos antípo<strong>da</strong>s, de entrelaçar pensamentos afastados uns<br />

dos outros, de compor, como um capricho, um incessante mosaico <strong>em</strong> mutação<br />

<strong>em</strong>ergindo de milhões de facetas dispersas do mundo tangível... tudo isso poderia<br />

permitir a um poeta realizar seus mais ambiciosos sonhos – se poetas se tornass<strong>em</strong><br />

interessados no cin<strong>em</strong>a e o cin<strong>em</strong>a se interessasse ele mesmo pelos poetas! 18 ... Mais<br />

afortunado que a pintura e a escultura, o cin<strong>em</strong>a, como a música, possui to<strong>da</strong>s as<br />

riquezas, to<strong>da</strong>s as inflexões, to<strong>da</strong>s as nuances <strong>da</strong> beleza <strong>em</strong> movimento: cin<strong>em</strong>a<br />

produz contraponto e harmonia ... mas ain<strong>da</strong> espera o seu Debussy (VUILERMOZ<br />

apud LEYDON, 2001: 222, tradução nossa) 19.<br />

Se essa forma de pensar o cin<strong>em</strong>a t<strong>em</strong> presença forte nas palavras desse crítico <strong>da</strong><br />

época de Debussy, e uma relação entre as duas artes já havia sido esboça<strong>da</strong>, tais paralelos<br />

tornam ain<strong>da</strong> mais relevantes para o entendimento <strong>da</strong> música. E ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />

o ato de reunir (e a forma como isso é feito) gera efeitos na estruturação do enredo,<br />

pod<strong>em</strong> existir estruturas musicais que foram “monta<strong>da</strong>s”, na acepção cin<strong>em</strong>atográfica do<br />

termo. Dessa maneira, o ex<strong>em</strong>plo de manipulação que escolh<strong>em</strong>os (o sintagma alternante)<br />

abor<strong>da</strong> b<strong>em</strong> e ex<strong>em</strong>plifica o poder de juntar momentos musicais, e assim, <strong>da</strong> mesma forma<br />

que uma frase não deixa de ser uma característica tão musical quanto textual, a montag<strong>em</strong>,<br />

com seus cortes e d<strong>em</strong>ais efeitos, é tão musical (se for percebi<strong>da</strong> na música) quanto<br />

cin<strong>em</strong>atográfica, ao organizar conteúdos trabalhados no t<strong>em</strong>po. O cin<strong>em</strong>a, possuindo<br />

técnicas de edição b<strong>em</strong> defini<strong>da</strong>s para trabalhar os seus planos, pode nos fornecer critérios<br />

para esclarecer esses efeitos.<br />

A descontinui<strong>da</strong>de como expressão<br />

A proposição de que a tecnologia do cin<strong>em</strong>a possibilitou uma transformação <strong>da</strong><br />

narrativa visual e t<strong>em</strong>poral não necessariamente faz dele o motivo de diversas<br />

18 Jean Cocteau (1889-1963) foi poeta, cineasta, dramaturgo, pintor.<br />

19 “Here I touch on one of the most marvelous technical possibilities of the cin<strong>em</strong>a art. This ability to<br />

juxtapose, within several seconds, on the same luminous screen, images which generally are isolated in<br />

time or space, this power (hitherto reserved to the human imagination) leap from one end of the<br />

universe to another, to draw together antipoles, to interweave thoughts far r<strong>em</strong>oved from one<br />

another, to compose, as one fancies, a ceaselessly changing mosaic out of millions of scattered facets of<br />

the tangible world ... all this could permit a poet to realize his most ambitious dreams-if poets would<br />

become interested in the cin<strong>em</strong>a and the cin<strong>em</strong>a would interest itself in poets! … More fortunate than<br />

painting and sculpture, the cin<strong>em</strong>a, like music, possesses all the riches, all the inflections, and all the<br />

nuances of beauty in mov<strong>em</strong>ent: cin<strong>em</strong>a produces counterpoint and harmony … but still awaits its<br />

Debussy.” (VUILERMOZ apud LEYDON, 2001: 222).<br />

280 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . opus

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!