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Analogias entre textura musical e a montag<strong>em</strong> no cin<strong>em</strong>a mudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

Os inúmeros ouvintes que se entediam durante a audição <strong>da</strong> Paixão de Bach, e até <strong>da</strong><br />

Missa <strong>em</strong> ré [Beethoven], voltariam a encontrar to<strong>da</strong> a sua atenção e to<strong>da</strong> a sua<br />

<strong>em</strong>oção se a tela se apie<strong>da</strong>sse de sua desgraça. Poderíamos até acrescentar a isso a<br />

cin<strong>em</strong>atografia dos instantes pelos quais passou o autor no momento <strong>da</strong> composição<br />

de sua obra...<br />

Quantos equívocos seriam evitados! O espectador n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é responsável por<br />

seus erros! Ele n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre pode preparar sua audição como uma tese; a vi<strong>da</strong><br />

normal de um ci<strong>da</strong>dão não é especialmente favorável à sugestão <strong>da</strong>s <strong>em</strong>oções<br />

estéticas. O autor já não seria traído, ficaríamos livres <strong>da</strong>s interpretações erra<strong>da</strong>s,<br />

conheceríamos, finalmente, com segurança, a ver<strong>da</strong>de, a ver<strong>da</strong>de, a ver<strong>da</strong>de!...<br />

(DEBUSSY, 1989: 214).<br />

De alguma maneira, o tom irônico desse comentário passou despercebido pelas<br />

interpretações de Smith e Leydon. Debussy fala claramente <strong>em</strong> adicionar imagens à música<br />

para que essas possam explicá-la, como fala d’Indy, evitando assim o desinteresse a e<br />

interpretação equivoca<strong>da</strong> do público. Além disso, ao mencionar obras de compositores<br />

clássicos, está se referindo à relação do público com a música nas salas de concerto, e não<br />

apontando uma solução para as dificul<strong>da</strong>des formais enfrenta<strong>da</strong>s pelos compositores de seu<br />

t<strong>em</strong>po. Ao gritar por la vérité (“a ver<strong>da</strong>de”) <strong>em</strong> um crescendo climático, Debussy ecoa uma<br />

de suas próprias criações, o personag<strong>em</strong> Golaud <strong>da</strong> ópera Pelléas et Mélisande (1903), que<br />

pede respostas concretas para a esposa que é incapaz de compreender por qual “ver<strong>da</strong>de”<br />

ele está perguntando. “Debussy sendo Debussy, pode ele realmente ter intentado para a<br />

música, mais do que a própria Melisande, desistir de seus mistérios <strong>em</strong> nome <strong>da</strong> clareza<br />

cin<strong>em</strong>atográfica?” (PAULIN, 2010: 9, tradução nossa) 14 . Mais do que respondendo ao<br />

ataque de d’Indy à composição moderna, ele está ecoando a d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> zombeteira por um<br />

supl<strong>em</strong>ento visual que poderia “tornar compreensível o que o compositor quis dizer”<br />

(D’INDY apud PAULIN, 2010: 18).<br />

A crítica sobre o trabalho de Leydon<br />

A partir dessa reconsideração <strong>da</strong> maneira de interpretar o que Debussy escreveu,<br />

Paulin segue avaliando os principais textos sobre Debussy e o cin<strong>em</strong>a, passando por Smith,<br />

Dunsby e chegando à seguinte crítica sobre Leydon:<br />

14 “Debussy being Debussy, can he really have meant for music, any more than Mélisande herself, to<br />

give up its mysteries in the name of cin<strong>em</strong>atographic clarity?” (PAULIN, 2010: 9).<br />

274 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . opus

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