isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

que eles não conseguiriam distinguir entre eu e um detector de mésons. Santo Deus,<br />
Sophie, Professor Associado de Física em Princeton. Pense só.<br />
- Você acha que isso foi por causa do seu discurso na reunião da APS? - perguntou<br />
Sophie.<br />
- Não entendo como. Era um artigo sem a menor inspiração, uma vez que todo<br />
mundo na divisão conhecia o assunto de cor e salteado. - Ele estalou os dedos. – Devia<br />
ser Princeton que estava me investigando. Foi isso. Você se lembra de todos<br />
aqueles formulários que preenchi nesses últimos seis meses; aquelas entrevistas sem<br />
propósito. Estava começando a pensar que estava sob suspeita de subversão. Isso<br />
era Princeton me investigando. São muito exigentes.<br />
- Talvez tenha sido por causa da mudança do nome - disse Sophie.<br />
- Veja o que estou dizendo. Finalmente, serei dono de minha vida profissional. Vou<br />
me destacar. Tão logo eu tenha uma chance de fazer meu trabalho sem... - Ele fez<br />
uma pausa e olhou para a mulher. - Meu nome! Você quer dizer o S?<br />
- A proposta só lhe foi feita depois da mudança do nome, não foi?<br />
- Não muito depois. Não, isso foi apenas coincidência. Eu lhe disse antes, Sophie,<br />
que só gastei aqueles cinquenta dólares para agradá-a. Deus, como tenho me sentido<br />
tolo nesses últimos seis meses, insistindo nesse estúpido S.<br />
Imediatamente, Sophie se colocou na defensiva.<br />
- Não o obriguei a fazer isso, Marshall. Eu sugeri, mas não o importunei. Não diga<br />
que eu fiz isso. Além do mais, a mudança só lhe fez bem. Tenho certeza de que o<br />
novo nome o ajudou.<br />
Sebatinsky sorriu com indulgência.<br />
- Isso não passa de superstição.<br />
- Pouco me importa o que você acha, desde que não mude o nome de novo.<br />
- Não, acho que não. Tive tanto trabalho para conseguir que escrevessem meu<br />
nome com S que não penso nem em tentar fazer com que as pessoas mudem de<br />
novo. Talvez eu possa mudar meu nome para Jones, que tal? - Ele deu um riso quase<br />
histérico.<br />
Mas Sophie não.<br />
- Deixe como está.<br />
- Tudo bem, estou apenas brincando. Qualquer dia desses passarei na loja daquele<br />
velho e direi para o numerologista que tudo funcionou e lhe darei mais dez dólares.<br />
Isso a deixará satisfeita?<br />
Ele estava suficientemente empolgado para fazer isso na semana seguinte. Desta<br />
vez, não usou nenhum disfarce. Estava sem chapéu, com os óculos que usava e um<br />
casaco comum. Achava-se eufórico quando chegou na frente da loja e deu um passo<br />
para o lado para permitir que uma mulher cansada e mal-humorada passasse com o<br />
carrinho de bebê em que carregava seus filhos gêmeos. Colocou a mão na maçaneta<br />
da porta e o polegar no trinco de ferro. O trinco não cedeu à pressão do seu polegar.<br />
A porta estava trancada. O cartaz poeirento e sujo, com a inscrição "Numerologista",<br />
não estava mais lá, como só agora ele percebia. Outra placa, começando a amarelar<br />
e a empenar com a luz do sol, tinha a seguinte inscrição: "Aluga-se."<br />
Sebatinsky deu de ombros. Assunto encerrado. Fez o melhor que pôde.<br />
Haround, feliz por ter-se livrado da excrescência corporal, dava cambalhotas de felicidade,<br />
e seu turbilhão de energia irradiou uma lua púrpura pelas distâncias inco-