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isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

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- Que é que tu querias ser, Hali?<<strong>br</strong> />

- Não tinha planos fixos. Engenheiro hidropônico tinha-me servi<strong>do</strong>, acho eu.<<strong>br</strong> />

- Achas que conseguirias?<<strong>br</strong> />

- Não tinha a certeza.<<strong>br</strong> />

George nunca tinha feito perguntas pessoais a Omani.<<strong>br</strong> />

Pareceu-lhe estranho, quase anormal, que outras pessoas tivessem ti<strong>do</strong> ambições<<strong>br</strong> />

e acaba<strong>do</strong> aqui. «Engenheiro Hidropônico!»<<strong>br</strong> />

- Imaginavas vir para cá? - disse.<<strong>br</strong> />

- Não, mas aqui sou exatamente o mesmo.<<strong>br</strong> />

- E estás satisfeito. Mesmo, mesmo satisfeito. Estás feliz. A<strong>do</strong>ras isto. Não quererias<<strong>br</strong> />

estar em nenhum outro lugar.<<strong>br</strong> />

Devagar, Omani levantou-se. Começou a desfazer a cama cuida<strong>do</strong>samente.<<strong>br</strong> />

- George, és um caso difícil. Estás a derrotar-te porque não aceitas os fatos so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

ti próprio. George, estás aqui naquilo a que chamas a Casa, mas nunca te ouvi dizer<<strong>br</strong> />

o seu nome <strong>com</strong>pleto. Diz, George, diz. Depois vai para a cama, pode ser que<<strong>br</strong> />

passe...<<strong>br</strong> />

George cerrou os dentes e mostrou-os. - Não! - disse, num engasgo.<<strong>br</strong> />

- Então digo eu - disse Omani, e disse-o. Articulou cada sílaba cuida<strong>do</strong>samente.<<strong>br</strong> />

George ficou amargamente vexa<strong>do</strong> ao ouvi-o. Voltou a cabeça para o outro la<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

Durante a maior parte <strong>do</strong>s primeiros dezoito anos da sua vida, George Platen tinha-se<<strong>br</strong> />

dirigi<strong>do</strong> firmemente numa direção, a de Programa<strong>do</strong>r de Computa<strong>do</strong>res registra<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

Havia no seu grupo quem falasse sabiamente so<strong>br</strong>e Espaçonáutica, Tecnologia<<strong>br</strong> />

de Refrigeração, Controle de Transportes e até Administração. Mas George mantinhase<<strong>br</strong> />

firme.<<strong>br</strong> />

Ele defendia os seus méritos tão vigorosamente <strong>com</strong>o qualquer um deles, e por<<strong>br</strong> />

que não? O Dia da Educação agigantava-se à sua frente e era o grande acontecimento<<strong>br</strong> />

da sua existência. Aproximava-se firmemente, fixo e certo <strong>com</strong>o o calendário: o<<strong>br</strong> />

primeiro dia de Novem<strong>br</strong>o <strong>do</strong> ano <strong>do</strong> 18º aniversário de cada um.<<strong>br</strong> />

Depois desse dia, havia outros temas de conversa. Podia discutir-se <strong>com</strong> os outros<<strong>br</strong> />

algum pormenor da profissão, ou as virtudes da mulher e filhos, ou o destino da<<strong>br</strong> />

equipe de espaço-pólo, ou as experiências nas Olimpíadas. Antes <strong>do</strong> Dia da Educação,<<strong>br</strong> />

porém, havia apenas um tema que, invariável e persistentemente, captava o interesse<<strong>br</strong> />

de to<strong>do</strong>s, que era o Dia da Educação .<<strong>br</strong> />

- Vais para quê? Achas que vais conseguir? Epa, essa não vale nada. Vê os registros;<<strong>br</strong> />

a quota foi cortada. Logística é que é...<<strong>br</strong> />

Ou hipermecânica é que é, ou <strong>com</strong>unicações é que é, ou gravítica é que é...<<strong>br</strong> />

Especialmente gravítica, a essa altura. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> vinha falan<strong>do</strong> de gravítica nos<<strong>br</strong> />

anos que precederam o Dia da Educação de George, devi<strong>do</strong> ao desenvolvimento <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

motor de energia gravítica.<<strong>br</strong> />

Qualquer mun<strong>do</strong> num raio de dez anos-luz de uma estrela anã, diziam, daria os<<strong>br</strong> />

olhos da cara por um engenheiro gravítico registra<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

Esse pensamento nunca perturbou George. Claro que sim; to<strong>do</strong>s os olhos de caras<<strong>br</strong> />

que conseguisse arranjar. Mas George também sabia o que tinha aconteci<strong>do</strong> antes a<<strong>br</strong> />

uma técnica recente. Racionalização e simplificação seguiam-se em torrente. Novos<<strong>br</strong> />

modelos to<strong>do</strong>s os anos; novos tipos de motores gravíticos; novos princípios. Então<<strong>br</strong> />

to<strong>do</strong>s esses senhores <strong>do</strong>s olhos-da-cara estariam antiqua<strong>do</strong>s e seriam substituí<strong>do</strong>s<<strong>br</strong> />

por exemplares mais recentes <strong>com</strong> educação recente. O primeiro grupo teria então<<strong>br</strong> />

de se conformar <strong>com</strong> o trabalho não especializa<strong>do</strong> ou então mudar-se para um mun-

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