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isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

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- A enfermeira sabe, Dr. Hoskins?<<strong>br</strong> />

- Sabe o quê? - interpelou a Srta. Fellowes.<<strong>br</strong> />

- Deveney hesitou, mas Hoskins (de novo <strong>com</strong> aquele olhar irônico) disse:<<strong>br</strong> />

- Pode dizer. - Deveney se dirigiu à Srta. Fellowes.<<strong>br</strong> />

- Pode não suspeitar, senhorita, mas é a primeira mulher-civilizada na História a<<strong>br</strong> />

cuidar de uma criança de Neanderthal.<<strong>br</strong> />

Ela se virou para Hoskins, controlan<strong>do</strong> sua fúria.<<strong>br</strong> />

- Devia ter-me conta<strong>do</strong>, <strong>do</strong>utor.<<strong>br</strong> />

- Por quê? Faz alguma diferença?<<strong>br</strong> />

- Você disse que era uma criança.<<strong>br</strong> />

- E não é uma criança? Você já teve um cachorrinho ou um gatinho? Eles se parecem<<strong>br</strong> />

mais <strong>com</strong> a gente? E se fosse um chimpanzé, você estaria sentin<strong>do</strong> repulsa?<<strong>br</strong> />

Você é uma enfermeira, Srta. Fellowes. Diz o seu currículo que você trabalhou numa<<strong>br</strong> />

maternidade durante três anos. Já se recusou a cuidar de uma criança deformada?<<strong>br</strong> />

A Srta. Fellowes sentiu que seu argumento fora derrota<strong>do</strong>. Disse, agora muito menos<<strong>br</strong> />

decidida.<<strong>br</strong> />

- Devia ter-me avisa<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

- Teria então recusa<strong>do</strong> o cargo? Vai recusá-o agora?<<strong>br</strong> />

- Ele a encarou friamente, enquanto Deveney observava <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da sala, e a<<strong>br</strong> />

criança de Neanderthal, que tinha acaba<strong>do</strong> o leite e lambia o prato, olhou para ela<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o rosto molha<strong>do</strong> e os olhos muito abertos e expectantes.<<strong>br</strong> />

O garoto apontou para o leite e, de repente, explodiu numa série de sons curtos,<<strong>br</strong> />

repeti<strong>do</strong>s indefinidamente; sons que queriam dizer alguma coisa, numa língua gutural<<strong>br</strong> />

e elaborada.<<strong>br</strong> />

- Santo Deus, ele fala - disse a Srta. Fellowes, surpresa.<<strong>br</strong> />

- É claro - disse Hoskins. - Homo neanderthalensis não é propriamente uma outra<<strong>br</strong> />

espécie, mas uma subespécie <strong>do</strong> Homo sapiens. Por que ele não deveria falar? Provavelmente<<strong>br</strong> />

ele está pedin<strong>do</strong> mais leite.<<strong>br</strong> />

Automaticamente a Srta. Fellowes pegou a garrafa de leite, mas Hoskins segurou<<strong>br</strong> />

seu pulso.<<strong>br</strong> />

- Agora, Srta. Fellowes, antes de continuarmos <strong>com</strong> isso, vai ficar ou não <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

trabalho?<<strong>br</strong> />

A Srta. Fellowes balançou a cabeça, irritada.<<strong>br</strong> />

- Por quê? Não vai alimentá-o, se eu for embora? Vou ficar <strong>com</strong> ele, sim... por enquanto.<<strong>br</strong> />

Ela despejou o leite.<<strong>br</strong> />

- Vamos deixar a senhorita <strong>com</strong> o garoto - disse Hoskins. - Essa é a única porta<<strong>br</strong> />

para Stasis 1 e ela é hermeticamente fechada e vigiada. Gostaria que você aprendesse<<strong>br</strong> />

os segre<strong>do</strong>s da fechadura que, é claro, será programada para aceitar suas impressões<<strong>br</strong> />

digitais, a exemplo <strong>do</strong> que acontece <strong>com</strong>igo. O espaço so<strong>br</strong>e sua cabeça - ele<<strong>br</strong> />

olhou para cima, na direção <strong>do</strong> buraco que havia no telha<strong>do</strong> da casa de boneca -<<strong>br</strong> />

também é vigia<strong>do</strong> e nós seremos avisa<strong>do</strong>s se houver algum problema.<<strong>br</strong> />

- Quer dizer que estarei sen<strong>do</strong> vigiada? - disse a Srta. Fellowes, indignada. Subitamente,<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>ou-se da ampla visão que tivera <strong>do</strong> interior da casa de bonecas, quan<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

estava no balcão.<<strong>br</strong> />

- Não, não - disse Hoskins, num tom de voz sério. - Sua privacidade será totalmente<<strong>br</strong> />

respeitada. A vigilância será apenas eletrônica, controlada pelo <strong>com</strong>puta<strong>do</strong>r.<<strong>br</strong> />

A senhorita ficará <strong>com</strong> ele essa noite, e, até segunda ordem, durante todas as noites.<<strong>br</strong> />

Terá os dias de folga, de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> a tabela que achar conveniente. Deixaremos<<strong>br</strong> />

isso a seu critério.

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