isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br
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Sete dias não foram suficientes para ofuscar a glória desse feito. Adell e Lupov finalmente<<strong>br</strong> />
conseguin<strong>do</strong> escapar das solenidades públicas, encontraram-se a sós num<<strong>br</strong> />
lugar em que ninguém pensaria em procurá-os, as desertas câmeras subterrâneas,<<strong>br</strong> />
onde podiam ver as partes aban<strong>do</strong>nadas <strong>do</strong> poderoso corpo de Multivac. Esqueci<strong>do</strong>,<<strong>br</strong> />
preguiçoso, classifican<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>com</strong> um clique-claque de satisfação, Multivac também<<strong>br</strong> />
merecia umas férias - e os rapazes respeitavam esse direito. Em princípio, não<<strong>br</strong> />
tinham intenção de perturbá-o.<<strong>br</strong> />
Traziam uma garrafa de bebida e tu<strong>do</strong> o que desejavam naquele momento era relaxar<<strong>br</strong> />
juntos enquanto tomavam uns tragos.<<strong>br</strong> />
- É surpreendente pensar nisso - disse Adell. Seu rosto largo apresentava sinais de<<strong>br</strong> />
cansaço, e ele mexia calmamente seu drinque <strong>com</strong> um bastão de vidro, observan<strong>do</strong><<strong>br</strong> />
as pedras de gelo chocan<strong>do</strong>-se dentro <strong>do</strong> copo. - Agora temos toda a energia de que<<strong>br</strong> />
precisamos, podemos usá-a à vontade. É tanta energia que, se quiséssemos, poderíamos<<strong>br</strong> />
transformar a Terra numa imensa massa de ferro impuro derreti<strong>do</strong>, e ainda assim<<strong>br</strong> />
ela não acabaria. Toda a energia que viermos a precisar, para sempre, para to<strong>do</strong><<strong>br</strong> />
o sempre.<<strong>br</strong> />
Lupov levantou a cabeça e olhou meio de la<strong>do</strong>. Ele tinha o costume de fazer isso<<strong>br</strong> />
quan<strong>do</strong> queria contestar alguém, <strong>com</strong>o pretendia fazer agora, em parte porque tivera<<strong>br</strong> />
que carregar os copos e o gelo.<<strong>br</strong> />
- Para sempre, não - disse ele.<<strong>br</strong> />
- É quase isso, cara. Até que o Sol se apague, Bert.<<strong>br</strong> />
- Isso não é para sempre.<<strong>br</strong> />
- Tá bom, tá bom. Bilhões e bilhões de anos. Talvez vinte bilhões de anos. Está satisfeito?<<strong>br</strong> />
Lupov passou os de<strong>do</strong>s entre os seus raros cabelos, <strong>com</strong>o estivesse se certifican<strong>do</strong><<strong>br</strong> />
de que ainda restavam alguns fios, e sorveu seu drinque lentamente.<<strong>br</strong> />
- Vinte bilhões de anos não são a eternidade.<<strong>br</strong> />
- Bem, a gente não vai viver tanto tempo assim, vai?<<strong>br</strong> />
- Se fosse por causa disso poderíamos continuar <strong>com</strong> o carvão e o urânio.<<strong>br</strong> />
- Tu<strong>do</strong> bem, mas agora podemos ligar nossas espaçonaves na Estação Solar e ir e<<strong>br</strong> />
voltar para Plutão milhões de vezes sem nos preocuparmos <strong>com</strong> o <strong>com</strong>bustível. Você<<strong>br</strong> />
não conseguiria isso <strong>com</strong> o carvão e o urânio. Pergunte a Multivac, já que você não<<strong>br</strong> />
acredita em mim.<<strong>br</strong> />
- Não preciso perguntar a Multivac. Eu sei disso.<<strong>br</strong> />
- Então, não menospreze o que Multivac fez por nós - disse Adell, inflama<strong>do</strong>. - Ele<<strong>br</strong> />
foi <strong>br</strong>ilhante.<<strong>br</strong> />
- Quem disse que não? O que eu disse foi que o Sol não durará para sempre. Foi<<strong>br</strong> />
apenas isso que eu disse. Nós estamos garanti<strong>do</strong>s por vinte bilhões de anos. E depois<<strong>br</strong> />
disso? - Lupov apontou um de<strong>do</strong> meio trêmulo para o amigo. - E não venha me<<strong>br</strong> />
dizer que podemos recorrer a outro sol.<<strong>br</strong> />
Os <strong>do</strong>is ficaram em silêncio durante um tempo. De vez em quan<strong>do</strong> Adell levava seu<<strong>br</strong> />
copo à boca, e aos poucos os olhos de Lupov foram se fechan<strong>do</strong>. Estavam totalmente<<strong>br</strong> />
relaxa<strong>do</strong>s.<<strong>br</strong> />
De repente, Lupov a<strong>br</strong>iu os olhos.<<strong>br</strong> />
- Você está pensan<strong>do</strong> que um dia recorreremos a outro sol, não é?<<strong>br</strong> />
- Não estou pensan<strong>do</strong> em nada.<<strong>br</strong> />
- É claro que você pensou nisso. Seu forte não é lógica, esse é o seu problema.<<strong>br</strong> />
Você é <strong>com</strong>o o cara daquela história que, no meio de um inespera<strong>do</strong> temporal, correu<<strong>br</strong> />
na direção de um grupo de árvores e se protegeu embaixo de uma delas. Ele não<<strong>br</strong> />
estava preocupa<strong>do</strong> porque imaginava que quan<strong>do</strong> uma árvore ficasse molhada iria