17.04.2013 Views

isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

As crianças reuniam-se na grande sala da assembleia <strong>do</strong> edifício da Educação da<<strong>br</strong> />

cidade. Por toda a Terra, em milhões de edifícios locais, ao longo daquele mês, grupos<<strong>br</strong> />

semelhantes de crianças se reuniriam. George sentia-se deprimi<strong>do</strong> <strong>com</strong> o tom<<strong>br</strong> />

cinzento da sala e <strong>com</strong> as outras crianças, tensas e constrangidas por uma elegância<<strong>br</strong> />

a que não estavam habituadas.<<strong>br</strong> />

Automaticamente, George fez o que todas as outras crianças faziam. Encontrou o<<strong>br</strong> />

pequeno grupo que representava as crianças <strong>do</strong> seu andar <strong>do</strong> prédio de apartamentos<<strong>br</strong> />

e juntou-se a eles.<<strong>br</strong> />

Trevelyan, que morava logo em frente, ainda usava o cabelo infantilmente longo e<<strong>br</strong> />

estava muitos anos longe das suíças e <strong>do</strong> bigode fino e arruiva<strong>do</strong> que viria a deixar<<strong>br</strong> />

crescer quan<strong>do</strong> fosse fisiologicamente capaz disso.<<strong>br</strong> />

- Aposto que estás assusta<strong>do</strong> - disse Trevelyan (para quem George era então conheci<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

por Jaw-jee).<<strong>br</strong> />

- Não, não estou - disse George. Depois, em tom de confidência: - Os meus pais<<strong>br</strong> />

puseram um monte de coisas escritas em cima da cômoda <strong>do</strong> meu quarto, e quan<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

for para casa vou lê-as para eles. - (O principal sofrimento de George neste momento<<strong>br</strong> />

residia no fato de não saber muito bem onde havia de pôr as mãos. Tinham-lhe<<strong>br</strong> />

dito para não coçar a cabeça, não coçar os ouvi<strong>do</strong>s, não tirar catota <strong>do</strong> nariz, não<<strong>br</strong> />

pôr as mãos nos bolsos. Isso eliminava quase todas as possibilidades.)<<strong>br</strong> />

Trevelyan pôs as suas mãos nos bolsos e disse: - O meu pai não está preocupa<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

Trevelyan pai, tinha si<strong>do</strong> metalúrgico em Diporia durante quase sete anos, o que<<strong>br</strong> />

lhe dava um estatuto social superior no seu bairro, apesar de ele se ter reforma<strong>do</strong> e<<strong>br</strong> />

volta<strong>do</strong> à Terra.<<strong>br</strong> />

A Terra dissuadia estes re-imigrantes devi<strong>do</strong> a problemas de população, mas um<<strong>br</strong> />

pequeno grupo conseguia voltar. Por um la<strong>do</strong>, o custo de vida na Terra era mais baixo,<<strong>br</strong> />

e aquilo que em Diporia era uma anuidade insignificante, por exemplo, era uma<<strong>br</strong> />

receita confortável na Terra. De qualquer forma, havia sempre pessoas que gostavam<<strong>br</strong> />

mais de mostrar o seu sucesso aos amigos, nos lugares da sua infância, <strong>do</strong> que a<<strong>br</strong> />

to<strong>do</strong> o restante Universo.<<strong>br</strong> />

Trevelyan pai, explicou ainda que se ficasse em Diporia, os seus filhos também ficariam,<<strong>br</strong> />

e Diporia era um mun<strong>do</strong> de uma só nave espacial. Na Terra, os seus filhos<<strong>br</strong> />

podiam ir para qualquer la<strong>do</strong>, até Novia.<<strong>br</strong> />

Stubby Trevelyan tinha pega<strong>do</strong> ce<strong>do</strong> nesse assunto.<<strong>br</strong> />

Mesmo antes <strong>do</strong> Dia da Leitura, as suas conversas baseavam-se no fato despreocupadamente<<strong>br</strong> />

assumi<strong>do</strong> de que a sua casa definitiva seria em Novia.<<strong>br</strong> />

George, oprimi<strong>do</strong> pela ideia da futura grandeza <strong>do</strong> outro em contraste <strong>com</strong> a sua<<strong>br</strong> />

própria pequenez, foi leva<strong>do</strong> de imediato a defender-se belicosamente.<<strong>br</strong> />

- O meu pai também não está preocupa<strong>do</strong>. Ele quer ouvir-me ler apenas porque<<strong>br</strong> />

sabe que serei bom. Suponho que o teu pai não te vai ouvir tão ce<strong>do</strong> porque sabe<<strong>br</strong> />

que vais falhar.<<strong>br</strong> />

- Eu não vou falhar. Ler não é nada. Em Novia, vou contratar pessoas para ler para<<strong>br</strong> />

mim.<<strong>br</strong> />

- Por que tu não serás capaz de ler por ti, por seres pateta!<<strong>br</strong> />

- Então <strong>com</strong>o é que explicas que eu vá para Novia?<<strong>br</strong> />

E George, pressiona<strong>do</strong>, fez a grande negação:<<strong>br</strong> />

- Quem disse que vais para Novia? Aposto que não vais para lugar nenhum.<<strong>br</strong> />

Stubby Trevelyan corou.<<strong>br</strong> />

- Não vou ser um monta<strong>do</strong>r de tubos <strong>com</strong>o o teu velho.<<strong>br</strong> />

- Retira o que disseste, parvalhão.<<strong>br</strong> />

- Retira tu.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!