isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br
isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br
isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
nha<strong>do</strong>r o texto da <strong>com</strong>unicação, ficou decerto assom<strong>br</strong>a<strong>do</strong> ao inteirar-se de que regressava<<strong>br</strong> />
aparentemente à vida e falava pelo telefone. Nessa altura, o nosso criminoso<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>preendeu que necessitava de se desembaraçar da prova <strong>com</strong>promete<strong>do</strong>ra: o<<strong>br</strong> />
filme ainda não revela<strong>do</strong>. E precisava faze-lo de mo<strong>do</strong> que não fosse encontra<strong>do</strong>, a<<strong>br</strong> />
fim de o recolher mais tarde, quan<strong>do</strong> já não existisse o perigo de se tornar suspeito.<<strong>br</strong> />
O la<strong>do</strong> de fora <strong>do</strong> peitoril da janela era o lugar ideal, e não perdeu tempo em depositá-lo<<strong>br</strong> />
lá.<<strong>br</strong> />
- Mas qualquer <strong>do</strong>s senhores poderia proceder <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> - argumentou o<<strong>br</strong> />
extraterrólogo.<<strong>br</strong> />
- Engana-se - tornou Talliaferro. - Repare que a janela foi aberta e o filme coloca<strong>do</strong><<strong>br</strong> />
ao ar livre. Ora, Ryger viveu dez anos no planeta Ceres, Kaunas em Mercúrio e eu na<<strong>br</strong> />
Lua. Ontem, antes de Villiers nos visitar, trocamos impressões so<strong>br</strong>e a dificuldade em<<strong>br</strong> />
nos readaptarmos ao ambiente terrestre. Os mun<strong>do</strong>s em que permanecemos ultimamente<<strong>br</strong> />
não possuem ar respirável. A exposição sem a proteção adequada afigura-senos<<strong>br</strong> />
inadmissível. Nenhum de nós a<strong>br</strong>iria a janela sem prolongada luta íntima. No entanto,<<strong>br</strong> />
o Dr. Mandel tem permaneci<strong>do</strong> exclusivamente na Terra e não experimentaria<<strong>br</strong> />
a mínima relutância em fazê-o. Ergo, é o culpa<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />
Reclinou-se na poltrona e esboçou um sorriso de satisfação.<<strong>br</strong> />
- Deve ter si<strong>do</strong> isso, <strong>com</strong> a <strong>br</strong>eca! - <strong>br</strong>a<strong>do</strong>u Ryger.<<strong>br</strong> />
- Nego energicamente semelhante acusação! - protestou Mandei. - Esquece a gravação<<strong>br</strong> />
das palavras que Villiers proferiu pelo telefone? Mencionou claramente o termo<<strong>br</strong> />
«condiscípulo».<<strong>br</strong> />
- Estava moribun<strong>do</strong> e o senhor mesmo admitiu que a maior parte <strong>do</strong> que disse era<<strong>br</strong> />
ininteligível - retrucou Talliaferro. - Afinal, uma gravação de uma voz alterada pelo<<strong>br</strong> />
estertor da morte não é muito difícil de simular.<<strong>br</strong> />
- Basta, basta - interveio Urth em tom concilia<strong>do</strong>r. - É uma teoria engenhosa, Dr.<<strong>br</strong> />
Talliaferro, mas tomba pela base sob o seu próprio peso. Não vê que Hubert Mandel<<strong>br</strong> />
fez demasia<strong>do</strong>, para ser o criminoso?<<strong>br</strong> />
- Confesso que não.<<strong>br</strong> />
- Repare que, se ele provocasse a morte de Villiers ou o encontrasse morto e aproveitasse<<strong>br</strong> />
a circunstância para se apoderar da descoberta, teria de fazer pouquíssimo.<<strong>br</strong> />
Para quê esquadrinhar o texto da <strong>com</strong>unicação ou até simular que alguém o efetuara?<<strong>br</strong> />
Bastar-lhe-ia levar o <strong>do</strong>cumento, pois existiam fortes motivos para supor que Villiers<<strong>br</strong> />
não divulgara o assunto a outrem. Mesmo que Mandel soubesse que os antigos<<strong>br</strong> />
condiscípulos da vítima tinham ouvi<strong>do</strong> mencionar o facto, estes dispunham unicamente<<strong>br</strong> />
da palavra de um louco <strong>com</strong>o prova de que falara verdade.<<strong>br</strong> />
«Por conseguinte, as atividades a que se dedicou a partir <strong>do</strong> instante em que<<strong>br</strong> />
anunciou a destruição da <strong>com</strong>unicação só serviriam para torná-lo suspeito, quan<strong>do</strong><<strong>br</strong> />
lhe bastaria conservar-se cala<strong>do</strong> para haver pratica<strong>do</strong> um crime quase perfeito. Se<<strong>br</strong> />
fosse o criminoso, teria procedi<strong>do</strong> <strong>com</strong>o um imbecil <strong>com</strong>pleto, e asseguro-lhe que<<strong>br</strong> />
não se trata de um tolo.<<strong>br</strong> />
- Nesse caso, quem é o culpa<strong>do</strong>? - inquiriu Ryger.<<strong>br</strong> />
- Um <strong>do</strong>s três.<<strong>br</strong> />
- Mas qual?<<strong>br</strong> />
- É óbvio. Determinei a identidade <strong>do</strong> criminoso assim que Mandel concluiu a descrição<<strong>br</strong> />
<strong>do</strong>s fatos. Antes <strong>do</strong> mais, quero frisar um ponto. O segre<strong>do</strong> da transferência<<strong>br</strong> />
da massa ainda se pode recuperar.<<strong>br</strong> />
- Como? - perguntou Mandel, arquean<strong>do</strong> as so<strong>br</strong>ancelhas.<<strong>br</strong> />
- Quem esquadrinhou o <strong>do</strong>cumento deve ter li<strong>do</strong> o que registava. Portanto, se o<<strong>br</strong> />
submetermos à psico-sonda, extrair-lhe-emos aquilo que o cére<strong>br</strong>o fixou. - Urth