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isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

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Ingenenescu pareceu so<strong>br</strong>essalta<strong>do</strong>. .<<strong>br</strong> />

- Bem, agora...<<strong>br</strong> />

- O senhor pode fazê-o - disse George <strong>com</strong> honestidade. - O senhor é um funcionário<<strong>br</strong> />

importante. Eu vi a cara <strong>do</strong> policial quan<strong>do</strong> lhe pôs aquele cartão à frente <strong>do</strong>s<<strong>br</strong> />

olhos. Se recusar, eu... eu não deixarei que o senhor me estude.<<strong>br</strong> />

Até aos ouvi<strong>do</strong>s de George aquela ameaça soava patética, sem força. Em Ingenenescu,<<strong>br</strong> />

no entanto, pareceu exercer um forte efeito.<<strong>br</strong> />

-Essa condição é impossível - disse. - Um noviano em mês de Olimpíadas...<<strong>br</strong> />

- Tu<strong>do</strong> bem, então ponha-me ao telefone <strong>com</strong> um noviano que eu próprio arranjo<<strong>br</strong> />

a entrevista. - Acha que consegue?<<strong>br</strong> />

- Sei que consigo. Espere e verá.<<strong>br</strong> />

Ingenenescu olhou George pensativamente e depois agarrou no visifone.<<strong>br</strong> />

George esperou, meio em<strong>br</strong>iaga<strong>do</strong> pelo novo rumo que o problema estava toman<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

e pela sensação de poder que provocava. Não podia falhar. Não podia falhar. Ainda<<strong>br</strong> />

havia de ser um noviano. Deixaria a Terra em triunfo apesar <strong>do</strong> Antonelli e da<<strong>br</strong> />

cambada de parvos da Casa para (quase riu alto) Débeis Mentais.<<strong>br</strong> />

George olhou ansiosamente enquanto a visiplaca se acendia. A<strong>br</strong>ia uma janela<<strong>br</strong> />

para uma sala de Novianos, uma janela para um pequeno retalho de Novia transplanta<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

para a Terra. Em vinte e quatro horas já tinha consegui<strong>do</strong> isso, pelo menos.<<strong>br</strong> />

Houve uma explosão de risos quan<strong>do</strong> a névoa desapareceu e a placa ficou nítida,<<strong>br</strong> />

mas de momento não se via nenhuma cabeça, apenas a rápida passagem de som<strong>br</strong>as<<strong>br</strong> />

de homens e mulheres, de um la<strong>do</strong> para o outro. Ouviu-se uma voz, clara so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

um fun<strong>do</strong> de tagarelice:<<strong>br</strong> />

- Ingenenescu? Quer falar <strong>com</strong>igo?<<strong>br</strong> />

E então apareceu, olhan<strong>do</strong> para fora da placa. Um noviano. Um genuíno noviano.<<strong>br</strong> />

(George não tinha a menor dúvida. Havia algo nele de um Mun<strong>do</strong> Exterior, <strong>com</strong>pletamente.<<strong>br</strong> />

Algo que não podia ser totalmente defini<strong>do</strong>, mas nem por um momento duvi<strong>do</strong>so.)<<strong>br</strong> />

Tinha <strong>com</strong>pleição morena e uma escura onda de cabelo, rigidamente penteada<<strong>br</strong> />

para trás a partir da testa. Usava um fino e negro bigode e uma barba em forma de<<strong>br</strong> />

bico, tão negra <strong>com</strong>o aquele, que chegava exatamente até abaixo <strong>do</strong> limite inferior<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong> seu queixo estreito, mas o resto da sua cara era tão polida que dava a ideia de<<strong>br</strong> />

ser constantemente depilada.<<strong>br</strong> />

Estava sorrin<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

- Ladislas, isto está in<strong>do</strong> longe de mais. É claro que esperamos ser espia<strong>do</strong>s, dentro<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong>s limites da sensatez, durante a nossa estada na Terra, mas ler pensamentos<<strong>br</strong> />

está fora desses limites.<<strong>br</strong> />

- Ler pensamentos, Honorável?<<strong>br</strong> />

- Confesse! Sabia que o ia chamar esta noite. Sabia que estava apenas esperan<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

acabar esta bebida. - A sua mão entrou no campo de visão e o seu olho espreitou<<strong>br</strong> />

através de um pequeno copo de um licor tenuemente violeta. - Receio não lhe poder<<strong>br</strong> />

oferecer um.<<strong>br</strong> />

George, fora <strong>do</strong> alcance <strong>do</strong> transmissor de Ingenenescu não podia ser visto pelo<<strong>br</strong> />

noviano. Sentiu-se alivia<strong>do</strong> por isso. Queria tempo para se re<strong>com</strong>por e precisava desesperadamente<<strong>br</strong> />

fazê-o. Era <strong>com</strong>o se ele fosse feito exclusivamente de de<strong>do</strong>s irrequietos,<<strong>br</strong> />

tamborilan<strong>do</strong>, tamborilan<strong>do</strong>...<<strong>br</strong> />

Mas tinha razão. Não tinha se engana<strong>do</strong> nos cálculos.<<strong>br</strong> />

Ingenenescu era importante. O noviano tratava-o pelo primeiro nome.

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