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isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

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- É claro que levei. Gosto da criança. Respeito seus sentimentos por ele e estava<<strong>br</strong> />

interessa<strong>do</strong> o suficiente para explicar isso a você. Agora o fiz. Você viu o que nós fazemos.<<strong>br</strong> />

Agora você já <strong>com</strong>preendeu as dificuldades envolvidas, e deve saber que,<<strong>br</strong> />

mesmo <strong>com</strong> toda a boa vontade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, não podemos arranjar uma <strong>com</strong>panhia<<strong>br</strong> />

para Timmie.<<strong>br</strong> />

- Não? - disse a Srta. Fellowes, sentin<strong>do</strong>-se subitamente desanimada.<<strong>br</strong> />

- Mas eu acabei de explicar. É impossível encontrar um outro Neanderthal de sua<<strong>br</strong> />

idade sem ser por mera sorte. Mesmo que pudéssemos, não seria justo multiplicar os<<strong>br</strong> />

riscos, colocan<strong>do</strong> outro ser humano em Stasis.<<strong>br</strong> />

A Srta. Fellowes largou a colher e disse energicamente.<<strong>br</strong> />

- Mas, Dr. Hoskins, não é bem isso o que quero dizer. Não quero que o senhor traga<<strong>br</strong> />

outro Neanderthal para o presente. Sei que isso é impossível. Mas não é impossível<<strong>br</strong> />

trazer outra criança para <strong>br</strong>incar <strong>com</strong> Timmie.<<strong>br</strong> />

Hoskins olhou-a <strong>com</strong> muito interesse.<<strong>br</strong> />

- Uma criança humana!<<strong>br</strong> />

- Outra criança - disse a Srta. Fellowes, agora <strong>com</strong>pletamente hostil. - Timmie é<<strong>br</strong> />

humano.<<strong>br</strong> />

- Não poderia sonhar <strong>com</strong> uma coisa dessas.<<strong>br</strong> />

- Por que não? Por que não poderia? O que há de erra<strong>do</strong> <strong>com</strong> essa ideia? O senhor<<strong>br</strong> />

arrancou essa criança <strong>do</strong> seu tempo e a transformou num eterno prisioneiro. Não<<strong>br</strong> />

acha que lhe deve alguma coisa? Dr. Hoskins, se existe algum homem nesse mun<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

que poderia ser considera<strong>do</strong> o pai dessa criança, esse homem é o senhor. Por que<<strong>br</strong> />

não pode fazer esse pequeno favor para ele?<<strong>br</strong> />

- Seu pai - disse Hoskins. Ele se levantou desajeitadamente. - Srta. Fellowes, se<<strong>br</strong> />

não se importa, terei que levá-a de volta agora.<<strong>br</strong> />

Eles voltaram para a casa de boneca em <strong>com</strong>pleto silêncio, que não foi que<strong>br</strong>a<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

nenhuma vez.<<strong>br</strong> />

Passou-se um longo tempo até que ela voltasse a ver Hoskins, a não ser de passagem.<<strong>br</strong> />

Algumas vezes ela se sentia chateada <strong>com</strong> isso, mas, nas vezes em que Timmie<<strong>br</strong> />

estava mais macambúzio <strong>do</strong> que o normal, ou quan<strong>do</strong> ele passava horas em silêncio,<<strong>br</strong> />

na janela, sem perspectiva nenhuma, ela pensava furiosa: que homem mais estúpi<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

O vocabulário de Timmie se tornava melhor e mais preciso a cada dia. Nunca perdera<<strong>br</strong> />

totalmente um certo sotaque ininteligível, que, para a Srta. Fellowes, soava encanta<strong>do</strong>r.<<strong>br</strong> />

Quan<strong>do</strong> estava muito excita<strong>do</strong>, ele voltava a estalar a língua, mas essas horas estavam<<strong>br</strong> />

se tornan<strong>do</strong> cada vez mais raras. Ele devia estar se esquecen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dias que<<strong>br</strong> />

antecederam sua chegada ao presente... a não ser em sonhos.<<strong>br</strong> />

À medida que crescia, os fisiologistas se tornavam menos interessa<strong>do</strong>s, ao contrário<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong>s psicólogos. A Srta. Fellowes não sabia qual era o grupo de que gostava menos.<<strong>br</strong> />

As agulhas, injeções, colheita de líqui<strong>do</strong>s e dietas especiais acabaram.<<strong>br</strong> />

Mas agora Timmie era incentiva<strong>do</strong> a ultrapassar barreiras para conseguir <strong>com</strong>ida e<<strong>br</strong> />

água. Tinha que levantar painéis, mover barras, puxar cordões. E os modera<strong>do</strong>s choques<<strong>br</strong> />

elétricos faziam-no chorar, deixan<strong>do</strong> a Srta. Fellowes transtornada.<<strong>br</strong> />

Ela não queria apelar para Hoskins. Não queria ter que falar <strong>com</strong> ele. Cada vez que<<strong>br</strong> />

pensava nele lem<strong>br</strong>ava-se de sua cara na mesa <strong>do</strong> almoço, da última vez em que se<<strong>br</strong> />

encontraram. Seus olhos se molhavam e ela pensava: que homem mais estúpi<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

Um estúpi<strong>do</strong>.

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