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isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

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olhar frio, que parecia estar dizen<strong>do</strong>: Somente crianças bonitas, Srta. Fellowes?<<strong>br</strong> />

Ele estava observan<strong>do</strong> calmamente num canto à parte, <strong>com</strong> um meio sorriso no<<strong>br</strong> />

rosto, quan<strong>do</strong> flagrou seus olhos, <strong>com</strong>o se estivesse se divertin<strong>do</strong> <strong>com</strong> a sua indignação.<<strong>br</strong> />

Ela decidiu esperar mais um pouco antes de pedir as contas. Isso só a rebaixaria<<strong>br</strong> />

mais ainda.<<strong>br</strong> />

Sentiu-se melhor ao ver o garoto razoavelmente limpo e cheiran<strong>do</strong> a sabonete.<<strong>br</strong> />

Seus gritos viraram soluços de cansaço. Seus olhos, medrosos e desconfia<strong>do</strong>s, iam<<strong>br</strong> />

de um la<strong>do</strong> para outro da sala, observan<strong>do</strong> todas as pessoas atentamente.<<strong>br</strong> />

Agora que estava limpo, a nudez acentuava ainda mais a magreza <strong>do</strong> corpo, que<<strong>br</strong> />

tiritava de frio depois <strong>do</strong> banho.<<strong>br</strong> />

- Tragam um camisolão para a criança - disse a Srta. Fellowes, autoritária.<<strong>br</strong> />

O camisolão apareceu na mesma hora. Era <strong>com</strong>o se tu<strong>do</strong> já tivesse si<strong>do</strong> providencia<strong>do</strong>,<<strong>br</strong> />

esperan<strong>do</strong> apenas as suas ordens para entrar em funcionamento. Era <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

estivessem deixan<strong>do</strong> as coisas sob sua inteira responsabilidade, <strong>com</strong> o intuito de testá-a.<<strong>br</strong> />

Deveney se aproximou e disse:<<strong>br</strong> />

- Vou segurá-o para você, senhorita. Você não vai conseguir sozinha.<<strong>br</strong> />

- O<strong>br</strong>igada - disse ela.<<strong>br</strong> />

De fato, foi uma batalha vesti-o, mas o camisolão foi coloca<strong>do</strong>, e quan<strong>do</strong> o garoto<<strong>br</strong> />

esboçou um gesto de rasgá-o ela bateu na sua mão.<<strong>br</strong> />

O garoto corou, mas não chorou. Encarou-a, e os de<strong>do</strong>s largos de sua mão tatearam<<strong>br</strong> />

a flanela <strong>do</strong> camisolão, <strong>com</strong>o se estivessem tentan<strong>do</strong> entender o que era aquilo.<<strong>br</strong> />

E agora?, pensou a Srta. Fellowes, angustiada.<<strong>br</strong> />

To<strong>do</strong>s pareciam estar <strong>com</strong> as funções vitais suspensas, esperan<strong>do</strong> por ela... até<<strong>br</strong> />

mesmo o garotinho feio.<<strong>br</strong> />

- Vocês têm <strong>com</strong>ida? Leite? - disse a Srta. Fellowes, rispidamente.<<strong>br</strong> />

Tinham. Trouxeram um carrinho <strong>com</strong> um <strong>com</strong>partimento refrigera<strong>do</strong>, conten<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

três litros de leite, um aquece<strong>do</strong>r e um suprimento de vitaminas em cápsulas, xarope<<strong>br</strong> />

de co<strong>br</strong>e-cobalto-ferro e outras coisas que ela não reparou direito. Tinha várias latas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>com</strong>ida quente para criança.<<strong>br</strong> />

Ela <strong>com</strong>eçou apenas <strong>com</strong> o leite, leite puro. O radar aqueceu o leite à temperatura<<strong>br</strong> />

preestabelecida em questão de segun<strong>do</strong>s e desligou-se automaticamente. Ela colocou<<strong>br</strong> />

a bebida num pires, pois tinha certeza de que o garoto era um selvagem e não<<strong>br</strong> />

saberia <strong>com</strong>o segurar um copo.<<strong>br</strong> />

- Beba. Beba - ordenou a Srta. Fellowes.<<strong>br</strong> />

Ela fez um gesto, <strong>com</strong>o se estivesse levan<strong>do</strong> o leite para a boca. Os olhos <strong>do</strong> garoto<<strong>br</strong> />

a a<strong>com</strong>panharam, mas ele não se mexeu.<<strong>br</strong> />

De repente, ela decidiu recorrer a medidas mais drásticas. Agarrou os <strong>br</strong>aços <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

garoto <strong>com</strong> uma das mãos e mergulhou a outra no leite. Passou o leite so<strong>br</strong>e os lábios<<strong>br</strong> />

dele. A bebida escorreu pelas bochechas e pelo queixo.<<strong>br</strong> />

Durante um momento, a criança articulou um choro esganiça<strong>do</strong>, mas interrompeuo<<strong>br</strong> />

quan<strong>do</strong> sua língua passou pelos lábios molha<strong>do</strong>s. A Srta. Fellowes deu um passo<<strong>br</strong> />

para trás.<<strong>br</strong> />

O garoto se aproximou <strong>do</strong> pires, curvou-se e, depois, olhou atentamente para cima<<strong>br</strong> />

e para trás, <strong>com</strong>o se esperasse um ataque <strong>do</strong> inimigo; curvou-se de novo e lambeu o<<strong>br</strong> />

leite avidamente, <strong>com</strong>o um gato. Ele fez um barulho indescritível. Não usou as mãos<<strong>br</strong> />

para levantar o pires.<<strong>br</strong> />

A Srta. Fellowes não conseguiu disfarçar o que sentia.<<strong>br</strong> />

Talvez Deveney tenha percebi<strong>do</strong> isso, pois perguntou:

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