isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

do lá dos confins que não se tivesse ainda atualizado.<br />
Agora, a procura de programadores de computadores era certa ano após ano, século<br />
após século. Nunca havia um mercado fabuloso para programadores; a procura<br />
nunca atingia picos espetaculares; mas subia firmemente à medida que novos mundos<br />
se abriam e os velhos se tornavam mais complexos.<br />
Discutia com o Stubby Trevelyan sobre isso constantemente. Como grandes amigos<br />
que eram, as discussões entre eles tinham de ser constantes e causticas e, obviamente,<br />
nunca nenhum conseguia convencer o outro ou vice-versa.<br />
Mas Trevelyan tivera um pai metalúrgico registrado, que tinha realmente trabalhado<br />
num dos Mundos Exteriores, e um avô que fora igualmente metalúrgico registrado.<br />
Ele próprio pretendia ser Metalúrgico registrado quase como se fosse direito de<br />
família e estava firmemente convicto de que qualquer outra profissão era um pouco<br />
menos que respeitável.<br />
- Haverá sempre metal - dizia. - E é preciso talento para moldar ligas segundo especificações<br />
e vigiar o crescimento das estruturas. Agora, o que é que um programador<br />
vai fazer? Sentado à frente de um codificador todo o dia, alimentando uma imbecil<br />
máquina gigante.<br />
Mesmo aos 16 anos, George aprendera a ser prático. Disse simplesmente:<br />
- Haverá um milhão de metalúrgicos saindo ao mesmo tempo que tu.<br />
- Porque é bom. Uma boa profissão. A melhor.<br />
- Mas és engolido pela multidão, Stubby. Podes bem estar no fim da fila. Qualquer<br />
mundo pode educar os seus metalúrgicos, e o mercado para exemplares terrestres<br />
avançados não é assim tão grande. E são principalmente os pequenos mundos a procurá-os.<br />
Sabes que percentagem da saída de metalúrgicos registrados é enviada para<br />
mundos com uma classificação de Nível A? Eu fui ver. Só 13,3 por cento. Isso quer<br />
dizer que terás sete chances em oito de ficar preso num mundo que praticamente só<br />
tem água corrente. Podes até ficar preso na Terra; 2, 3 por cento ficam.<br />
- Ficar na Terra não é nenhuma desgraça - disse Trevelyan belicosamente. - A Terra<br />
também precisa de técnicos. Bons técnicos. - O seu avô trabalhara como metalúrgico<br />
na Terra, e Trevelyan levantou o dedo ao nível do lábio superior e bateu num<br />
ainda inexistente bigode.<br />
George sabia do avô de Trevelyan e, considerando a localização terrena dos seus<br />
próprios antepassados, não estava com disposição para escarnecer.<br />
- Não é uma desgraça intelectual- disse, diplomaticamente - Claro que não. Mas é<br />
agradável entrar para um mundo de Nível A, não é?<br />
«Agora vê os programadores. Só os mundos de Nível A têm o gênero de computadores<br />
que realmente necessita de programadores de primeira classe, portanto são os<br />
únicos do mercado. E as fitas para programador são complicadas e raramente se<br />
ajustam a alguém. Precisam de mais programadores do que a sua própria população<br />
pode fornecer. É apenas uma questão de estatísticas. Há, digamos, um programador<br />
de primeira classe num milhão. Se um mundo precisa de vinte e tem uma população<br />
de dez milhões, tem de vir à Terra buscar entre cinco e quinze programadores. Certo?<br />
«E sabes quantos programadores de computadores registrados foram para planetas<br />
de Nível A no ano passado? Eu digo-te. Todos. Se és programador, és um homem<br />
escolhido. Acredita.<br />
Trevelyan franziu as sobrancelhas.<br />
- Se apenas um num milhão consegue, que é que te faz pensar que tu vais conseguir?<br />
- Vou conseguir - disse George, resguardando-se. Nunca se atreveu a dizer a nin-