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isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

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- Quem lhes daria tão nefastas ordens?<<strong>br</strong> />

O Arqui-administra<strong>do</strong>r suspirou profundamente.<<strong>br</strong> />

- Chamarei o Conselho. Talvez eles tenham to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s e sejam capazes de indicar-nos<<strong>br</strong> />

o que devo fazer.<<strong>br</strong> />

Assim, ten<strong>do</strong> transcorri<strong>do</strong> pouco mais de quinze anos desde sua chegada, os hurrianos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçaram a desmantelar sua base na outra face da Lua.<<strong>br</strong> />

Nada se havia feito. Os grandes primatas <strong>do</strong> planeta não se haviam destruí<strong>do</strong> mutuamente<<strong>br</strong> />

em uma guerra nuclear; esta talvez não explodisse nunca.<<strong>br</strong> />

E, apesar da terrível ameaça que isso significava para o <strong>futuro</strong>, Devi-en experimentava<<strong>br</strong> />

uma alegre agonia. De nada servia pensar no <strong>futuro</strong>. O presente importava;<<strong>br</strong> />

o presente, que lhe distanciava <strong>do</strong> mais horrível <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s.<<strong>br</strong> />

Viu <strong>com</strong>o a Lua se afundava até converter-se em uma manchinha luminosa, junto<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o planeta e o próprio sol <strong>do</strong> sistema, até que este se perdeu entre as constelações<<strong>br</strong> />

Somente então experimentou alívio. Somente então sentiu um leve assomo <strong>do</strong> que<<strong>br</strong> />

teria podi<strong>do</strong> acontecer.<<strong>br</strong> />

Voltan<strong>do</strong>-se para o Arqui-administra<strong>do</strong>r, disse:<<strong>br</strong> />

- Talvez tu<strong>do</strong> teria i<strong>do</strong> bem se houvéssemos ti<strong>do</strong> um pouco mais de paciência. Talvez<<strong>br</strong> />

terminassem por meterem-se em uma guerra nuclear.<<strong>br</strong> />

- Tenho minhas dúvidas – respondeu o Arqui-administra<strong>do</strong>r -. A análise mentálica<<strong>br</strong> />

de..., já sabes.<<strong>br</strong> />

Devi-en sabia muito bem a quem se referia. O selvagem aprisiona<strong>do</strong> havia si<strong>do</strong> devolvi<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

a seu planeta <strong>com</strong> a maior delicadeza possível. Os acontecimentos das últimas<<strong>br</strong> />

semanas foram apaga<strong>do</strong>s da sua mente. Depositaram-no perto de um pequeno<<strong>br</strong> />

povoa<strong>do</strong>, não muito distante <strong>do</strong> lugar onde foi captura<strong>do</strong>. Seus semelhantes suporiam<<strong>br</strong> />

que se haveria perdi<strong>do</strong>. Atribuiriam sua falta de peso, seus ferimentos e sua<<strong>br</strong> />

amnésia aos sofrimentos que tinha ti<strong>do</strong> de suportar.<<strong>br</strong> />

Porém o dano que ele havia causa<strong>do</strong>...<<strong>br</strong> />

Se ao menos no o houvessem leva<strong>do</strong> à Lua... Talvez tivessem termina<strong>do</strong> por aceitar<<strong>br</strong> />

a ideia de iniciar uma guerra. Quiçá teriam chaga<strong>do</strong> inclusive a fa<strong>br</strong>icar uma bomba,<<strong>br</strong> />

e a imaginar algum sistema indireto de <strong>com</strong>an<strong>do</strong> à distância para lançá-la.<<strong>br</strong> />

Foi a imagem <strong>do</strong>s abutres, evocada pelo selvagem, o que pôs tu<strong>do</strong> a perder.<<strong>br</strong> />

Aquela terrível palavra havia desfeito moralmente a Devi-en e ao Arqui-administra<strong>do</strong>r<<strong>br</strong> />

Quan<strong>do</strong> enviaram a Hurria to<strong>do</strong>s o da<strong>do</strong>s reuni<strong>do</strong>s, o efeito que os mesmos produziram<<strong>br</strong> />

no Conselho foi notável. A consequência disto: não tar<strong>do</strong>u em receber ordem de<<strong>br</strong> />

desmantelar a base.<<strong>br</strong> />

Devi-en observou:<<strong>br</strong> />

- Não penso em participar nunca mais em projetos de colonização.<<strong>br</strong> />

O Arqui-administra<strong>do</strong>r disse tristemente:<<strong>br</strong> />

- É possível que nenhum de nós volte a participar deles, quan<strong>do</strong> os selvagens deste<<strong>br</strong> />

planeta se espalharem pelo espaço. A aparição na galáxia destes seres de tão belicosa<<strong>br</strong> />

mentalidade significará o fim de... de...<<strong>br</strong> />

O nariz de Devi-en se contraiu. O fim de tu<strong>do</strong>; de to<strong>do</strong> o bem que Hurria havia semea<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

a mãos cheias na galáxia; de to<strong>do</strong> bem que teria segui<strong>do</strong> semean<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

- Deveríamos ter lança<strong>do</strong>... - disse, sem <strong>com</strong>pletar a frase.<<strong>br</strong> />

De que servia dizer mais? Não tinham podi<strong>do</strong> lançar a bomba nem tivesse si<strong>do</strong> por<<strong>br</strong> />

toda a galáxia. Se tivessem podi<strong>do</strong> fazê-lo, teriam demonstra<strong>do</strong> que pensavam <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

os grandes primatas, e há coisas muito piores ainda que o fim de todas as coisas.<<strong>br</strong> />

Devi-en voltou a pensar nos abutres.

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