17.04.2013 Views

isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>do</strong> um tempo em que a humanidade não conhecesse o fogão diatérmico. Quereria<<strong>br</strong> />

isso dizer que ele deveria ficar satisfeito por <strong>com</strong>er carne crua, num mun<strong>do</strong> em que<<strong>br</strong> />

to<strong>do</strong>s a <strong>com</strong>iam cozida?<<strong>br</strong> />

- Por que é que eles querem passar por aquela cena <strong>do</strong>s bocadinhos?<<strong>br</strong> />

- Para passar o tempo, George, e porque têm curiosidade.<<strong>br</strong> />

- Qual é a vantagem disso?<<strong>br</strong> />

- Fá-os mais felizes.<<strong>br</strong> />

George foi para a cama pensan<strong>do</strong> nisso.<<strong>br</strong> />

No dia seguinte, disse a Omani, desagradavelmente: - Podes levar-me a uma sala<<strong>br</strong> />

de aula em que eu possa desco<strong>br</strong>ir alguma coisa so<strong>br</strong>e programação?<<strong>br</strong> />

- Claro - respondeu Omani entusiasticamente.<<strong>br</strong> />

Era lento e ele ressentiu-se disso. Por que é que alguém haveria de ter que explicar<<strong>br</strong> />

alguma coisa várias vezes? Por que é que ele haveria de ter que ler e reler uma<<strong>br</strong> />

passagem, e depois olhar para uma relação matemática e não entendê-a imediatamente?<<strong>br</strong> />

As outras pessoas não tinham de ser assim.<<strong>br</strong> />

Desistiu várias vezes, umas a seguir às outras. Uma vez recusou-se a ir às aulas<<strong>br</strong> />

por uma semana.<<strong>br</strong> />

Mas regressava sempre. O funcionário de serviço, que distribuía as leituras, conduzia<<strong>br</strong> />

as demonstrações televisivas e até explicava passagens e conceitos difíceis, nunca<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>entou o assunto.<<strong>br</strong> />

Deram finalmente a George uma tarefa regular nos jardins e já fazia a sua parte<<strong>br</strong> />

da limpeza e <strong>do</strong> trabalho de cozinha. Isto foi-lhe apresenta<strong>do</strong> <strong>com</strong>o um progresso,<<strong>br</strong> />

mas ele não se deixou enganar. Aquele lugar podia estar muito mais mecaniza<strong>do</strong> <strong>do</strong><<strong>br</strong> />

que estava, mas eles davam deliberadamente trabalho aos jovens de maneira a darlhes<<strong>br</strong> />

a ilusão de uma ocupação útil, de utilidade. George não se deixava enganar.<<strong>br</strong> />

Até lhes pagavam pequenas somas de dinheiro, <strong>com</strong> as quais podiam <strong>com</strong>prar certos<<strong>br</strong> />

e determina<strong>do</strong>s luxos ou então guardar para um uso problemático numa problemática<<strong>br</strong> />

terceira idade. George guardava o seu dinheiro num pote aberto, que tinha<<strong>br</strong> />

numa prateleira <strong>do</strong> armário. Não fazia ideia <strong>do</strong> que já tinha acumula<strong>do</strong>. Nem se ralava<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> isso.<<strong>br</strong> />

Não fez nenhum verdadeiro amigo, embora tivesse atingi<strong>do</strong> a fase em que um<<strong>br</strong> />

cumprimento cortês era praxe. Até tinha para<strong>do</strong> de cismar (ou quase) na decisão injusta<<strong>br</strong> />

que o tinha posto ali. Passavam-se semanas sem que sonhasse <strong>com</strong> Antonelli,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o seu nariz volumoso e o seu pescoço papu<strong>do</strong>, <strong>com</strong> o seu olhar de esguelha ao<<strong>br</strong> />

ernpurrá-lo para ferventes areias movediças, manten<strong>do</strong>-o lá dentro, até acordar aos<<strong>br</strong> />

gritos <strong>com</strong> Omani curva<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e ele, preocupa<strong>do</strong>.<<strong>br</strong> />

- É espantoso <strong>com</strong>o estás te adaptan<strong>do</strong> - disse Omani num nevoso dia de Fevereiro.<<strong>br</strong> />

Mas era Fevereiro, dia 13 mais precisamente, o dia <strong>do</strong> seu 19. Q aniversário. Veio<<strong>br</strong> />

Março, e depois A<strong>br</strong>il, e quan<strong>do</strong> Maio se aproximava, apercebeu-se de que não estava<<strong>br</strong> />

se adaptan<strong>do</strong> de maneira alguma.<<strong>br</strong> />

O Maio anterior passara despercebi<strong>do</strong>, enquanto George permanecia na cama,<<strong>br</strong> />

abati<strong>do</strong> e sem ambições. Este Maio era diferente.<<strong>br</strong> />

Por toda a Terra, George sabia-o, decorreriam as Olimpíadas e os jovens iam <strong>com</strong>petir,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>paran<strong>do</strong> as respectivas capacidades, na luta por um lugar num mun<strong>do</strong><<strong>br</strong> />

novo. Haveria o ambiente de festa, a excitação, as reportagens, os taciturnos agentes<<strong>br</strong> />

de recrutamento <strong>do</strong>s planetas de além espaço, a glória <strong>do</strong>s vence<strong>do</strong>res e a consolação<<strong>br</strong> />

<strong>do</strong>s venci<strong>do</strong>s.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!