isaac asimov nove amanhãs contos do futuro ... - Mkmouse.com.br

com sua barba.<br />
- Não saberia dizê-lo, Alteza – repôs Devi-en humildemente. - Não seguiram o caminho<br />
costumeiro.<br />
- Isto salta à vista. O que eu pergunto é porque não o seguiram. O Conselho opina<br />
que teus informes prometem mais que dão. Falas de teorias, porém não de dás nenhum<br />
detalhe. Tens que saber que em Hurria já começamos a ficar fartos deste assunto.<br />
Se sabes algo que todavia não nos hás comunicado, agora é o momento de<br />
dizer-me.<br />
- A questão é difícil de demonstrar, Alteza. Nunca havíamos podido observar uma<br />
raça durante tanto tempo. Até muito recentemente não nos dedicávamos a observar<br />
o que importa. Todos os anos acreditávamos que a guerra se iniciaria de um momento<br />
para outro, e somente desde que eu sou capitão nos temos dedicado a estudar<br />
com maior intensidade a essa gente. Uma das poucas vantagens que nos trouxe<br />
essa longa espera foi que pudemos aprender bem alguns de seus principais idiomas.<br />
- Ah sim? Sem ao menos desembarcar no planeta?<br />
Davi-en explicou:<br />
- Algumas de nossas naves que penetraram na atmosfera planetária em missões<br />
de observação, particularmente durante os primeiros anos, captaram bastantes emissões<br />
de rádio. Utilizei nossos computadores linguísticos para decifrá-las, e ao largo<br />
do ano passado comecei a formar uma ideia básica para compreende-las.<br />
O Arqui-administrador olhava-o surpreso, contendo, a duras penas, uma exclamação<br />
de assombro, que teria sido completamente supérflua.<br />
- E já descobriste algo interessante?<br />
- É possível, Alteza, porém o que consegui averiguar é tão estranho e parece tão<br />
difícil obter provas palpáveis que eu não me atrevi a mencioná-lo em meus informes<br />
oficiais.<br />
O Arqui-administrador entendeu. Muito rígido perguntou:<br />
- Lhe importaria em expor-me suas opiniões..., de um modo extra oficial?<br />
- O farem com muito gosto, Senhor, - repôs imediatamente Devi-en. - Os habitantes<br />
deste planeta pertencem, é claro, ao grupo dos primatas superiores. E se acham<br />
animados por um espírito de luta, que cria ente eles inumeráveis rivalidades.<br />
Seu interlocutor deixou escapar algo que parecia um suspiro de alívio, e passou rapidamente<br />
a língua pelo nariz.<br />
- Por um momento – disse – havia cruzado meu cérebro a terrível ideia que estivessem<br />
desprovidos do espírito de luta que pudess.. Porém rogo que prossigas.<br />
- Possuem espírito de luta e emulação. – disse-lhe Devi-en – E muito superior ao<br />
normal, lhe asseguro.<br />
- Então, porque não se produz o curso natural dos acontecimentos?<br />
- até certo ponto, as coisas seguem o curso marcado, Alteza. Após o largo período<br />
de incubação costumado, começaram a mecanizar-se; e depois disso, as matanças<br />
normais entre primatas superiores se converteram em verdadeiras guerras destrutivas.<br />
Ao terminar seu mais recente conflito bélico em grande escala, surgiram as armas<br />
nucleares e a guerra terminou imediatamente.<br />
O Arqui-administrador assentiu.<br />
- E depois? - perguntou.<br />
- Depois disto – repôs Devi-en -, o habitual seria que explodisse uma nova guerra,<br />
desta vez com armas atômicas, e durante a mesma teriam sido desenvolvidas rapidamente<br />
as armas nucleares, adquirindo um terrível poder destruidor, para ser utilizado<br />
ao estilo típico dos grandes primatas, com o resultado que teria reduzido a população,<br />
em um instante, a um punhado de sobreviventes famintos que subsistiriam