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A Condessa Vésper - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Encontrei-o hoje, às quatro horas da manhã, desfalecido em uma das ruas menos<br />

transitadas desta cidade; a sua fisionomia impressionou-me extraordinariamente, por<br />

uma circunstância que mais tarde saberá. Calculei que o senhor tivesse sido vítima<br />

de algum roubo: fiz conduzi-lo à minha casa e aqui o tenho. Espero que me<br />

perdoará tal procedimento, se ele não for do seu agrado.<br />

Gaspar, por única resposta, ferrou-lhe um olhar grosseiramente incisivo e<br />

curioso, como se lhe procuras se descobrir no rosto o que havia de verdade<br />

naquelas palavras.<br />

Ela suportou o olhar sem pestanejar, e replicou-lhe com uma firmeza que<br />

não admitia réplica:<br />

CAPÍTULO IV<br />

VIOLANTE<br />

— Não tolero que ninguém duvide do que afirmo!<br />

E voltando-se, acrescentou consigo: "Não me enganei! É ele com certeza!"<br />

— Perdão, minha senhora, disse Gaspar em continuação à conversa com a<br />

bela desconhecida; eu, nem só creio na sinceridade de sua palavras como estou<br />

possuído do mais profundo reconhecimento pelos obséquios que recebi; mas não<br />

posso disfarçar o embaraço da minha situação...<br />

— Por quê? interrogou a senhora com um tom indiferente.<br />

— Por tudo. Em primeiro lugar, a perda total de minha roupa quer dizer que<br />

se me extraviaram papéis de importância, entre os quais estava o meu passaporte, o<br />

conhecimento de minhas bagagens e o meu bilhete de passagem no Pacific Star...<br />

— O Pacific Star partiu ao meio-dia.<br />

— Partiu?! Bravo! Então, minhas malas? Minhas...?<br />

— Irão ter ao primeiro porto; cumpre ao senhor providenciar para que elas<br />

não se desencaminhem.<br />

— Mas que situação a minha! exclamou Gaspar, olhando para o seu robede-chambre<br />

com um ar infeliz. Ficar desta sorte em uma cidade completamente<br />

estranha para mim... sem um amigo, sem um parente, e vestido desta forma! Isto<br />

não tem jeito! É caso para dar-se com a cabeça pelas paredes! Aqui ninguém me<br />

conhece! E além de tudo, se a senhora me não puder arranjar um par de calças, eu<br />

nem do quarto poderei sair! Esta só a mim sucederia!<br />

— Ora! o senhor está criando dificuldades imaginárias...<br />

— Imaginárias?! gritou Gaspar, escancarando os olhos. Se lhe parece,<br />

minha senhora, que eu não devo estar seriamente atrapalhado! Imaginárias!...<br />

Decerto. Olhe! ali está uma secretária: passe uma letra da importância de<br />

que precisa para viver algum tempo nesta cidade: depois...<br />

— Que mulher singular! considerou Gaspar com os seus botões, e voltandose<br />

cheio de embaraço para a oriental: Perdão minha senhora! mas é que...<br />

— Não pode hesitar! atalhou ela, sorrindo; o senhor não tem outro recurso...<br />

— Mas é que eu nem ao menos sei a quem devo passar a letra...<br />

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