24/10/03 TURNO: Matutino TIPO DA SESSÃO: Ordinária
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ RE<strong>DA</strong>ÇÃO FINAL<br />
Número Sessão: <strong>24</strong>0.1.52.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />
Data: <strong>24</strong>/<strong>10</strong>/<strong>03</strong> Montagem: 4176<br />
A publicação do IBGE revela também que a concentração de renda entre nós<br />
cresce mesmo em períodos recessivos, o que tem efeitos sociais desastrosos. Esse<br />
é um problema grave e urgente, e creio que ninguém discorda da necessidade de<br />
buscarmos medidas que levem a uma eficaz redução das desigualdades sociais no<br />
Brasil; para tanto, porém, é preciso entendermos primeiro como chegamos a tal<br />
patamar de concentração de renda.<br />
Nosso modelo econômico tem peculiaridades que explicam por que há<br />
aumento da desigualdade tanto em épocas de crescimento rápido quanto nas fases<br />
recessivas da economia. O crescimento brasileiro não se traduziu em diminuição da<br />
desigualdade. Ao contrário, como vimos, ampliou-se a desigualdade. Nosso<br />
crescimento foi impulsionado por indústrias que vendiam produtos de maior valor<br />
agregado, como a automobilística e a de construção. Para comprar esses produtos<br />
era necessária uma classe com alto poder aquisitivo, ainda que essa classe fosse<br />
extremamente reduzida em relação ao total da população.<br />
O economista Celso Furtado, que participou da elaboração do trabalho<br />
Estatísticas do Século XX, do IBGE, aponta a necessidade de expansão do mercado<br />
de consumo interno como um dos principais desafios a serem vencidos pelo Brasil<br />
neste novo século se quisermos maior justiça social. Essa é, segundo Furtado, uma<br />
luta que articula as questões do mercado interno e da desconcentração de renda.<br />
A par da importância do mercado interno para a desconcentração de renda,<br />
gostaria de apontar um outro fator que julgo fundamental na busca por uma maior<br />
justiça social: a universalização de uma escola pública de qualidade. Segundo o<br />
IBGE, o analfabetismo caiu 5 vezes em 80 anos. Em 1920, 65% da população de 15<br />
anos ou mais não sabiam ler nem escrever. Em 2000, esse índice era de 13%. É<br />
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