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Texto para as questões 58 e 59.25GABARITOIMPRIMIR“A história oficial tem sido contada do ponto de vista dos dominadores e não dos dominados.Essa perspectiva se inverte na entrevista abaixo, publicada na revista Isto é (21/7/99, p. 7-11), emque o índio tapuia Kaká Werá Jecupe analisa os 500 anos do descobrimento do Brasil, sob aótica dos que habitavam o Novo Mundo quando os colonizadores europeus aqui chegaram, e falado seu livro A terra dos mil povos. Apresentamos, a seguir, trechos dessa entrevista.ISTOÉ - O Brasil está se preparando para comemorar seus 500 anos. Para os povos indígenas,são anos de descoberta ou de invasão?Kaká - De desencontro. Desencontro que provocou e continua provocando situações gravíssimas.A realidade atual indígena não é fácil. Ainda hoje, em grandes áreas do País, é na base dotiro. Os interesses que provocam essas ações continuam os mesmos interesses econômicos: Hojehá um elemento a mais que são as indústrias farmacêuticas multinacionais que estão praticando abiopirataria, roubando todo o conhecimento ancestral que os povos indígenas detêm a respeitode ervas medicinais.ISTOÉ - E qual é a razão desse desencontro?Kaká - A semente desse desencontro está na sociedade que tem na sua estrutura de cultura aquestão do ter e encontrou uma cultura aqui voltada para o ser.ISTOÉ - Os europeus chegaram trazendo o progresso, trataram aqui como primitivos. Comovocê pensa essa relação?Kaká - Para quem fundamenta a sua cultura no teor, a noção de progresso está a ver ao seuredor o acúmulo de bens materiais. A noção de progresso dos indígenas está em desenvolver asua capacidade criativa, a sua expressão no mundo. É preciso que a civilização olhe para os índioscom menos prepotência, até para perceber que ela está em colapso. (...)ISTOÉ - Nesses 500 anos, com o desaparecimento de centenas de etnias, qual foi o maiorpatrimônio que o Brasil já perdeu?Kaká - O patrimônio da sabedoria. O brasileiro não sabe da sua própria cultura. Tem todo ummodelo insistindo no imaginário que vê o índio como um pobre coitado. Esses 500 anos oferecema possibilidade de rever as suas raízes, ter a percepção desse patrimônio.ISTOÉ - Há um trecho em seu livro, A terra dos mil povos, em que você escreve: “De acordo coma nossa tradição, uma palavra pode proteger ou destruir uma pessoa. Uma palavra na boca écomo uma flecha no arco.” O que significa exatamente a palavra para o índio?Kaká - Para o tupi-guarani, ser e linguagem são uma coisa só. A palavra tupuy designa ser. Aprópria palavra tupi significa em pé. Nosso povo enxerga o ser como um som, um tom de umagrande música cósmica, regida por um grande espírito criador, o qual chamamos de Namandu-ruetê,ou Tupã, que significa o som que se expande. Um dos nomes da alma é neeng, que tambémsignifica fala. Um pajé é aquele que emite neeng-porã, aquele que emite belas palavras. Não nosentido de retórica. O pajé é aquele que fala com o coração. Porque fala e alma são uma coisa só.É por isso que os guaraniscayowas, por ilusão dessas relações com os brancos, preferem recolhera sua palavra-alma. Se matam enforcados (como vem acontecendo há cerca de dez anos, emDourados, em Mato Grosso do Sul) porque a garganta é a morada do ser. Por aí você pode ver quea relação da linguagem com a cultura é muito profunda para o tupi-guarani. (...)”58. UFMS Marque a(s) proposição(ões) verdadeira(s), de acordo com os trechos da entrevistaque você acabou de ler.01. Para Kaká Jecupe, a tensão entre índios e brancos é um problema deste final deséculo, motivado pelo acirramento de interesses econômicos.02. A biopirataria mencionada na entrevista consiste no roubo de ervas medicinais indígenaspelas indústrias farmacêuticas multinacionais.04. A base do desencontro entre índios e brancos está nos valores assumidos por cadauma dessas culturas, que são respectivamente o ter e o ser.08. A noção do progresso relacionada ao ser desloca a questão do acúmulo de bensmateriais para a do aprimoramento da criatividade.16. Na opinião do escritor tapuia, ver o índio de forma menos prepotente levaria a civilizaçãoatual a voltar o olhar sobre si mesma para avaliar sua própria situação.32. A representação do índio como “pobre coitado” é um dos estereótipos cultivadospelo imaginário nacional.64. Os 500 anos de Brasil significam, para as etnias indígenas desaparecidas, a oportunidadede resgatar sua raízes culturais dilapidadas pelo progresso.Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.VoltarLíngua Portuguesa - Interpretação de texto IAvançar

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