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baixar - Prof. Dr. Aldo Vieira

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Texto para a questão 67:29“Minha Nossa Senhora! Aquele homem tinha má sorte! Aquele homem enorme com tantosfilhinhos pequenos e uma mulher paralítica na cama!… E no entanto eu era feliz! e com trêsestrelinhas-do-mar para me darem sorte… É certo: eu pusera imediatamente as estrelas no diminutivo,porque se houvesse de ceder alguma ao operário, já de antemão eu desvalorizava as três,todas as três, na esperança desesperada de dar apenas a menor. Não havia diferença mais, eramapenas três ‘estrelinhas’-do-mar. Fiquei desesperado. Mas a lei se riscara iniludível no meu espírito:e se eu desse boa sorte ao operário na pessoa da minha menor estrelinha pequetitinha?… Bemque podia dar a menor, era tão feia mesmo, faltava uma das pontas, mas sempre era uma estrelinha-do-mar.Depois: o operário não era bem vestido como papai, não carecia de uma boa sortemuito grande não. Meus passos tontos já me conduziam para o fundo do quintal fatalizadamente.(…) Lá estavam as três estrelinhas, brilhando no ar do sol, cheias de uma boa sorte imensa. E eutinha que me desligar de uma delas, da menorzinha estragada, tão linda! Justamente a que eugostava mais, todas valiam igual, porque a mulher do operário não tomava banhos de mar? Massempre, ah meu Deus que sofrimento! Eu bem não queria pensar mas pensava sem querer, deslumbrado,mas a boa mesmo era a grandona perfeita, que havia de dar mais boa sorte pra aquelemalvado de operário que viera, cachorro! dizer que estava com má sorte. Agora eu tinha que darpra ele a minha grande, a minha sublime estrelona-do-mar!…(…)— Tome! eu soluçava gritado, tome a minha… tome a estrela-do-mar! dá… dá, sim, boa sorte!…O operário olhou surpreso sem compreender. Eu soluçava, era um suplício medonho.— Pegue depressa! faz favor! depressa! dá boa sorte mesmo!Aí que ele entendeu, pois não me agüentava mais! Me olhou, foi pegando na estrela, sorriu portrás dos bigodões portugas, um sorriso desacostumado, não falou nada felizmente que senão eudesatava a berrar. A mão calosa quis se ajeitar em concha pra me acarinhar, certo! ele nem mediaa extensão do meu sacrifício! e a mão calosa apenas roçou por meus cabelos cortados.Eu corri. Eu corri pra chorar à larga, chorar na cama, abafando os soluços no travesseiro sozinho.Mas por dentro era impossível saber o que havia em mim, era uma luz, uma Nossa Senhora,um gosto maltratado, cheio de desilusões claríssimas, que eu sofria arrependido, vendo inutilizarseno infinito dos sofrimentos humanos a minha estrela-do-mar.”ANDRADE, Mário de. “Tempo da camisolinha” In: Contos Novos.GABARITOIMPRIMIR67. Ceetps-SP Considere o que se segue:I. Nas narrativas, destaca-se a análise introspectiva, explorando-se a dimensão afetiva epsíquica da relação entre o sujeito e o mundo.II. Essa obra foi chamada de “rapsódia” por envolver vários motivos populares; contémanedotas e lendas, além de herói que, no entender do autor, não possui civilizaçãonem consciência nacional, como o brasileiro. Daí ser chamado de herói sem nenhumcaráter.III. Tanto a sintaxe quanto o ritmo e o vocabulário da fala brasileira incorporam-se à falado narrador e ao diálogo das personagens.IV. “E todos principiaram muito calmos, falando de papai. A imagem dele foi diminuindo,diminuindo e virou uma estrelinha brilhante no céu. Agora todos comiam o perucom sensualidade, porque papai fora muito bom, sempre se sacrificara por nós”.V. As narrativas do livro focalizam momentos especiais vividos com intensidade e paixãopelas personagens.É correto associar a Contos Novos somentea) I e III.b) I, III e V.c) II, III e IV.d) I, II, III e IV.e) I, III, IV e V.VoltarLíngua Portuguesa - Pré-modernismo/ModernismoAvançar

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