O livro Urgente Da Politica Brasileira
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previdenciários e assistenciais, o resultado é quase 63%, ou seja, sobram os outros 37% para o governo prover<br />
todos os serviços públicos – o que inclui o pagamento do funcionalismo público e as transferências aos estados e<br />
municípios.<br />
Neste cenário é importante observar que as transferências econômicas - como aquelas dos benefícios<br />
previdenciários e assistenciais e dos programas sociais – de certa forma disfarçam o tamanho real do Estado na<br />
economia. Estes recursos são captados pelo Estado e redistribuídos em outras partes da sociedade e, portanto,<br />
não são consumidos por ele. O resultado é que o Estado parece muito maior do que ele realmente é se<br />
considerarmos somente o quanto ele arrecada e executa no orçamento, e não o quanto ele efetivamente<br />
consome.<br />
Para se ter uma ideia melhor da dimensão destas fatias vale compará-las com alguns outros gastos do governo<br />
federal bastante comentados e mais visíveis:<br />
Educação: 3,7% do orçamento federal<br />
Saúde: 3,98% do orçamento federal<br />
Defesa Nacional: 1,58% do orçamento federal<br />
Programa Bolsa Família: 1,22% do orçamento federal<br />
Infraestrutura: 0,62% do orçamento federal<br />
Portanto, os impostos não são altos porque o Brasil ainda precisa desenvolver a sua infraestrutura, e tampouco o<br />
governo está deficitário devido ao programa Bolsa Família; não acredite nestas explicações simplistas. Existem<br />
gastos muitíssimos maiores e relevantes sobre os quais pouco se fala, notadamente o pagamento da dívida<br />
pública e os gastos com a previdência social - que não é autossuficiente nem no regime geral e nem no regime<br />
dos servidores da União.<br />
Aliás, a questão da previdência social em si já é um tema bastante complexo, pois inclui os regimes de previdência<br />
do setor privado e do público que tem regras e formas de financiamento diferentes. A previdência do setor<br />
público, embora atenda a um número bastante reduzido de beneficiários quando comparado à previdência geral,<br />
apresenta um déficit maior, fato que torna mais difícil atribuir o déficit da previdência aos aposentados do setor<br />
privado que ganham um salário mínimo.<br />
Enfim, é importante o cidadão conhecer para onde vai o seu dinheiro e às quantas andam as contas públicas;<br />
afinal, um governo endividado e que gasta mal os recursos públicos é o precursor de muitas crises econômicas,<br />
como os próprios brasileiros puderam comprovar por diversas vezes e provavelmente ainda experimentarão. <strong>Da</strong>í<br />
a importância de uma lei como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).<br />
Lei de Responsabilidade Fiscal<br />
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ou Lei Complementar nº 101/2000, foi um importante avanço na reforma<br />
administrativa do Estado e na estabilização da economia brasileira. Esta lei impõe um controle dos gastos públicos<br />
dos três níveis da administração e dos três poderes, condicionando os gastos públicos à capacidade de<br />
arrecadação de cada um. Esta lei buscou eliminar o costume de gestores públicos que comprometiam seus<br />
governos com grandes obras ao final de seus mandatos e deixavam a conta para os sucessores, que assumiam os<br />
governos encurralados por dívidas assumidas pelo administrador anterior.<br />
15. SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO<br />
“Um político pensa na próxima eleição. Um estadista, na próxima geração.”<br />
James Freeman Clarke (1810 – 1888), teólogo e autor americano<br />
“Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão.”<br />
José Maria de Eça de Queiroz, escritor português (1845-1900)