O livro Urgente Da Politica Brasileira
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pequenas e médias empresas descobertas. No Brasil, a principal instituição responsável por esta política de<br />
financiamento público com empréstimos subsidiados é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e<br />
Social (BNDES), além de outros bancos estatais.<br />
Ainda, as políticas econômicas desenvolvimentistas seriam muito dependentes de decisões políticas que<br />
poderiam levar a más escolhas econômicas. A capacidade do Estado em gerir estrategicamente a economia – uma<br />
atividade altamente complexa – é muitas vezes além de suas capacidades e aquém do satisfatório, levando a<br />
erros que podem causar crises ou estagnação. Outra crítica comum ao desenvolvimentismo é que o<br />
protecionismo, ao invés de abrir espaço para o desenvolvimento das indústrias nacionais nascentes e sua<br />
posterior competição no mercado mundial, torna as empresas acomodadas e dependentes do governo, o que<br />
combinado com uma falta de concorrência no mercado interno resulta em produtos caros e de baixa qualidade<br />
para a sociedade; a indústria nascente transforma-se numa indústria mimada.<br />
É importante entender que sob um ponto de vista estritamente econômico o desenvolvimentismo é uma política<br />
econômica de “centro-esquerda”, uma vez que defende o uso de empresas estatais e o intervencionismo na<br />
economia, enquanto também reconhece o livre mercado nos demais setores da economia. Portanto, esta política<br />
econômica é bastante associada a governos sociais democratas, como aqueles da Europa Ocidental, e quase<br />
sempre caminha junto com serviços públicos de grande abrangência e impostos mais altos para financiá-los.<br />
Entretanto, diversos governos considerados de “direita” – mais por motivos políticos do que econômicos - usam<br />
ou usaram esta política econômica, como, por exemplo, muitos governos militares que comandaram países na<br />
América Latina nos anos de 1970 e 1980, inclusive no Brasil; mas assim o fizeram com um desenvolvimentismo<br />
mais conservador que tinha como características a ausência de serviços públicos abrangentes e programas<br />
sociais, mas com impostos mais baixos.<br />
#NÃOÉBEMASSIM: É importante não confundir o socialismo com o desenvolvimentismo: este último é centrado<br />
no Estado e pratica um dirigismo econômico, enquanto que o socialismo é um conceito muito mais abrangente<br />
que defende a socialização dos meios de produção, e que, inclusive, pode acomodar a ausência de Estado, como<br />
no anarco-comunismo.#<br />
3.3. LIBERALISMO ECONÔMICO<br />
“O controle econômico não é meramente o controle de um setor da vida humana que pode ser separado do resto,<br />
mas é o controle dos meios para todos os nossos fins.”<br />
Friedrich Hayek (1899 - 1992), economista e filósofo austríaco<br />
“O governo civil, enquanto for instituído para assegurar a propriedade, é na realidade instituído para a defesa dos<br />
ricos contra os pobres, ou daqueles que tem alguma propriedade contra aqueles que não tem nenhuma.”<br />
Adam Smith (1723 – 1790), economista escocês<br />
“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da sua<br />
preocupação com o seu interesse próprio. Nós nunca nos dirigimos à sua humanidade, mas ao seu amor próprio, e<br />
nunca falamos a eles das nossas necessidade, mas das suas vantagens.”<br />
Adam Smith (1723 – 1790), economista escocês<br />
O liberalismo econômico é uma das duas faces de uma moeda chamada liberalismo clássico – a outra face é o<br />
liberalismo político, que é uma doutrina que está na base dos regimes democráticos modernos. O liberalismo<br />
clássico defende os direitos individuais e inalienáveis de todo ser humano, como o direito à vida, à liberdade e à<br />
propriedade. Portanto, ao transladar esta filosofia para a esfera econômica, o liberalismo econômico defende a<br />
liberdade dos indivíduos para exercerem atividades econômicas e terem a propriedade sobre os frutos de seu<br />
trabalho. Esta ideia contrapõe formas coletivistas de organizar a economia, nas quais as decisões econômicas não<br />
são tomadas por indivíduos, mas por grupos ou instituições, como é proposto pelo socialismo e pelas economias<br />
planificadas.