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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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aumenta a pobreza, mas, em contrapartida, é difícil melhorar a distribuição de renda e riqueza sem crescimento<br />

econômico. Não é intenção deste <strong>livro</strong> entrar numa discussão tão complexa e polêmica como esta, mas é<br />

importante discutir alguns preconceitos que sempre surgem nestas discussões.<br />

Se nascer pobre já não fosse uma situação desafiadora o suficiente, ainda é preciso suportar todos os<br />

preconceitos criados em torno desta condição. Poucos encaram a pobreza generalizada como um problema<br />

estrutural da sociedade ou da economia e preferem culpar traços de personalidade que seriam comuns a toda<br />

uma população para justificar a situação, criando uma generalização que não faz sentido. Assim, muitos<br />

acreditam que uma pessoa é pobre por uma falha de caráter ou de comportamento, ou simplesmente são<br />

preguiçosas e preferem se aproveitar dos programas do governo para viverem confortavelmente sem trabalhar;<br />

ou seja, a pobreza é uma condição que é merecida pela pessoa que está nela. E o pior: este pensamento pode<br />

levar as pessoas pobres a uma autoculpabilidade e resignação, que poderá inibi-las de tomar as ações necessárias<br />

para tirá-la desta condição.<br />

Enquanto algumas destas características podem ser verdade para algumas pessoas, o que é razoável imaginar que<br />

ocorra em todas as classes sociais – quem não conhece um caso de filho de pai rico que não está interessado em<br />

trabalhar? -, seria muito mais sensato pensar nestas pessoas como resilientes, trabalhadoras, honestas e capazes<br />

de improvisar devido à falta de recursos, ou seja, pessoas que querem deixar a sua condição de pobreza, mas que<br />

precisam de alguma ajuda externa ou simplesmente de oportunidades. De maneira geral é muito mais razoável<br />

presumir que o sucesso das pessoas é devido em parte aos esforços e decisões individuais, mas que a outra parte<br />

é devido às condições ambientais e às oportunidades.<br />

Hipocritamente, ao mesmo tempo em que se discute como usar os recursos do Estado no combate à pobreza,<br />

raramente questiona-se os privilégios da elite do funcionalismo público, dos políticos, seus aliados e dos<br />

empresários que conseguem benesses do governo às custas do dinheiro público.

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