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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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As liberdades de expressão e de imprensa são partes fundamentais de uma democracia. Jornais, revistas, canais<br />

de televisão, portais na Internet e outros canais de mídia são necessários para fazer circular as informações, as<br />

notícias e estimular o debate. É saudável para a democracia que circulem correntes de pensamento diferentes,<br />

argumentos e contra argumentos sobre as políticas públicas e decisões governamentais.<br />

Entretanto, é inocência acreditar que as mídias são neutras: não necessariamente porque elas têm alguma<br />

agenda oculta, mas porque o seu trabalho intrinsecamente requer a abordagem dos fatos por algum ponto de<br />

vista. O fato de as mídias não serem isentas não é um problema em si: o problema é quando elas têm alguma<br />

linha editorial definida mas reivindicam a imparcialidade. O cidadão que não conhece a linha editorial da mídia<br />

terá mais dificuldade em analisá-la criticamente e poderá tomar uma opinião com se fosse a verdade. Um bom<br />

exemplo de mídia transparente é a revista britânica The Economist, fundada no século XIX e que analisa os fatos<br />

econômicos do ponto de vista do liberalismo clássico; alguém que ler uma crítica ao intervencionismo estatal num<br />

artigo da revista não se surpreenderá, pois é este o ponto de vista da revista e é tão legítimo quanto qualquer<br />

outro.<br />

Por isso é salutar, e às vezes necessário, obter informações e reportes de notícias de fontes com linhas editoriais<br />

diferentes, realizando uma espécie de dialética midiática. É importante ouvir os argumentos de lados opostos e<br />

tirar suas próprias conclusões. Aquele que só obtém informações por uma fonte, com o passar do tempo acaba<br />

confundindo a sua opinião com a opinião do editor.<br />

Os colunistas e articulistas da imprensa são exceção, pois o seu trabalho é justamente emitir uma opinião e<br />

analisar os assuntos por algum ponto de vista; por isso mesmo eles são constates criadores de polêmicas e<br />

debates. Alguns abrem mão completamente da objetividade e embarcam em campanhas de “política suja” em<br />

que atacam constantemente adversários políticos, às vezes criando boatos e factoides (e que os tornam<br />

constante alvos de processos judiciais). É interessante conhecer a história de alguns deles, sua coerência<br />

ideológica e questionar as suas motivações para defender um determinado ponto de vista. Alguns jornalistas<br />

chamados de “chapa branca” estão a serviço das correntes partidárias que pagarem melhor.<br />

Também é importante tomar conhecimento da concentração da propriedade das mídias entre poucos grupos.<br />

Muitos canais da mídia que parecem independentes e até concorrentes entre si na verdade são propriedade da<br />

mesma empresa, incluindo mídias de diferentes formatos como revistas, jornais e canais de televisão; se você ver<br />

as mesmas notícias em vários canais diferentes, não é mera coincidência. O problema da concentração da mídia é<br />

que ela deixa o poder de influenciar a opinião pública na mão de poucos grupos, que podem, ou não, usar este<br />

poder em interesse próprio. A concentração da mídia não é exclusividade do Brasil e qualquer proposta de<br />

regulação torna-se um tema bastante polêmico por implicar a possibilidade de diminuir a liberdade da imprensa.<br />

19.8. SABER USAR A INTERNET E AS MÍDIAS SOCIAIS<br />

A Internet é uma história completamente diferente das mídias tradicionais, em especial os blogs e as redes<br />

sociais. Como a Internet permite a qualquer um publicar qualquer coisa que é acessível em qualquer parte do<br />

mundo, as pessoas ganharam um poder de expressão inédito e totalmente à margem dos meios de comunicação<br />

tradicionais dominados por poucos grupos ou de difícil acesso. Por outro lado, a Internet permite a qualquer um<br />

publicar qualquer coisa, o que cria uma facilidade enorme para espalhar boatos, mentiras e factoides.<br />

Existem ainda blogs e sites de notícias fora da mídia tradicional que se auto intitulam neutros, sérios, imparciais,<br />

apartidários ou outro adjetivo para passarem uma imagem de confiança, mas que na verdade assemelham-se<br />

mais a folhetins políticos. O leitor desavisado pode acabar tomando as visões partidárias destes editores como<br />

notícias sérias e tornando-se massa de manobra. A recomendação de realizar uma dialética midiática continua<br />

valendo para as mídias não tradicionais.<br />

<strong>Da</strong> mesma maneira, as redes sociais sofrem com um excesso de inverdades circulando, e os seus leitores sofrem<br />

com uma escassez de ceticismo! Muitos usuários parecem convenientemente ingênuos para acreditarem em<br />

falsas informações que corroboram com suas opiniões, enquanto acusam seus adversários de mentirosos.

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