O livro Urgente Da Politica Brasileira
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proporcionado pela exploração de recursos naturais), mas sim pelo desenvolvimento econômico, ou seja, o<br />
aumento das capacidades produtivas e tecnológicas do país.<br />
O Brasil teve no presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) um dos seus mais famosos expoentes com a sua<br />
política de apoio à indústria automobilística. O governo militar também usou extensivamente o intervencionismo<br />
econômico para fomentar a economia nacional durante o “milagre econômico” e mais recentemente o PAC<br />
(Programa de Aceleração do Crescimento) se tornou outro exemplo. O único período da história brasileira recente<br />
em que a intervenção do Estado na economia cedeu um pouco foi durante o curto governo de Fernando Collor e<br />
nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, os quais abriram mão de diversos protecionismos e<br />
monopólios estatais, além de promoverem a abertura de mercados e privatizações.<br />
#NÃOÉBEMASSIM: O termo “desenvolvimentismo” não significa que o governo busca o desenvolvimento, pois<br />
todos eles buscam, desde governos socialistas a liberais; o termo significa que o governo adota um conjunto de<br />
medidas econômicas para moldar a estrutura da economia de acordo com esta teoria econômica.#<br />
Uma política desenvolvimentista busca aliar o capitalismo com a participação do Estado em setores chaves da<br />
economia, visando principalmente o desenvolvimento de setores considerados estratégicos, a infraestrutura e o<br />
aumento do consumo interno, quase sempre com um enfoque nacionalista (em contraposição a um<br />
internacionalismo econômico) ou até autárquico (visando a autossuficiência nacional com uma economia<br />
fechada). Ou seja, o desenvolvimentismo propõe uma economia mista, combinando elementos de capitalismo e<br />
socialismo; entretanto, ele costuma ser criticado tanto por socialistas quanto por defensores do livre mercado por<br />
não se enquadrar totalmente em nenhuma destas propostas.<br />
Para os desenvolvimentistas, o Estado deve ser o centro das mudanças políticas, econômicas e sociais. Isto<br />
justificaria um intervencionismo do Estado nos mais diversos assuntos econômicos por meio de regulamentações,<br />
subsídios, políticas industriais, monopólios estatais, linhas de crédito para setores específicos, protecionismos,<br />
controle cambial e monetário, e assim por diante.<br />
O desenvolvimentismo aplicado no Brasil costuma estar aliado ao keynesianismo, o influente pensamento<br />
econômico do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946). Mas é importante entender que estas<br />
duas escolas econômicas têm enfoques diferentes, embora com afinidades; enquanto o desenvolvimentismo<br />
promove o desenvolvimento das capacidades produtivas, o keynesianismo busca aumentar o crescimento<br />
econômico por meio de políticas que aumentem a demanda, como créditos subsidiados. Toda vez que há uma<br />
recessão econômica os keynesianistas entendem que a melhor linha de ação é a implantação de medidas<br />
anticíclicas que ajudariam a retomar o crescimento, como, por exemplo, o aumento de despesas do governo.<br />
Os objetivos do desenvolvimentismo keynesiano são o crescimento econômico com baixa inflação, baixa taxa de<br />
desemprego, melhor distribuição de renda, seguridade social e, quase sempre, serviços públicos fornecidos pelo<br />
Estado. Também busca remediar alguns aspectos considerados problemáticos no livre mercado como, por<br />
exemplo, a tendência natural para a formação de monopólios e oligopólios e a instabilidade cambial. As suas<br />
principais políticas são assegurar a livre competição - dos setores que não são monopólios estatais - por<br />
regulamentos e agências de controle, prover concessões à iniciativa privada, estabelecer altos impostos de<br />
importação e usar estratégias de substituição de produtos importados. Mas estas características podem variar<br />
pois o desenvolvimentismo, assim como todas as outras políticas econômicas, apresenta variações entre seus<br />
defensores; no caso do desenvolvimentismo brasileiro pode-se verificar uma vertente mais progressista, como a<br />
dos governos atuais, e outra mais conservadora, como implantada durante os governos militares.<br />
No entanto, na prática o desenvolvimentismo também encontra dificuldades. No caso do desenvolvimentismo<br />
adotado no Brasil mais recentemente, as dificuldades incluem a tendência da economia a ter crescimentos<br />
baixos, que aliados aos gastos públicos elevados acabam criando uma tendência a gerar inflação, que por sua vez<br />
é combatida com juros altos e uma taxa de câmbio valorizada. Os juros altos dificultam a obtenção de capital para<br />
o setor produtivo, o que é remediado pelo governo com empréstimos subsidiados para os setores considerados<br />
importantes pela agenda do governo e para empresas “campeãs nacionais”, mas que deixam boa parte das