O livro Urgente Da Politica Brasileira
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Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2º<br />
O propósito mais importante dos direitos é garantir e proteger as liberdades. As liberdades civis, políticas e<br />
econômicas são os pilares de uma sociedade fundada no liberalismo político. Muitos estudos – que serão<br />
abordados em seguida – demonstram que há uma forte correlação positiva entre o grau destas liberdades, a<br />
qualidade da democracia e o nível de prosperidade das nações. No entanto, não há correlação estabelecida entre<br />
as liberdades civis e políticas e as liberdades econômicas; há países em que algumas liberdades são bastante<br />
extensas e outras são mais restritas, como é o caso da Dinamarca e de Singapura.<br />
Estes estudos também mostram que nas últimas décadas houve uma evolução positiva das liberdades nos quatro<br />
cantos do globo, mas a recente recessão econômica tem cobrado o seu preço por meio de ambientes políticos<br />
mais hostis e autoritários. E o Brasil não é exceção a estas tendências mundiais.<br />
Então, como está a garantia das liberdades no Brasil e como nos comparamos com outras nações? Podemos<br />
afirmar que o Brasil é um país livre? Em quais pontos nos destacamos e quais precisam de melhorias? Para tentar<br />
responder a estas perguntas podemos consultar alguns estudos que se dedicam a medir periodicamente a<br />
situação das liberdades no mundo.<br />
Após quase três décadas de vigência da Constituição de 1988 é interessante verificar como está a consolidação<br />
das nossas liberdades. Em geral, o Brasil tem se mostrado estável, apesar de pequenos avanços e regressos aqui e<br />
ali; mas no contexto mundial o Brasil deixa bastante a desejar nas liberdades econômicas, apesar de ter um<br />
desempenho razoável para as liberdades civis e políticas.<br />
Um dos estudos mais importantes sobre o tema é o Freedom in the World (Liberdade no Mundo) divulgado<br />
anualmente pela Freedom House, uma organização não-governamental americana fundada em 1941 e que usa<br />
uma metodologia baseada na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Neste estudo os países são<br />
classificados em “Livres”, “Parcialmente Livres” e “Não Livres” de acordo com uma pontuação que vai de 0<br />
(menos livre) a 100 (mais livre) e que mede essencialmente os direitos políticos e as liberdades civis. No relatório<br />
de 2016 36 deste estudo o Brasil é classificado como “Livre” com uma pontuação de 81/100, enquanto que alguns<br />
países como Finlândia e Suécia alcançaram a marca de 100/100 pontos e do outro lado está a Coréia do Norte<br />
com apenas 3/100 pontos.<br />
Outro estudo da mesma organização, o Freedom of the Press (Liberdade da Imprensa), mede a liberdade de<br />
imprensa no mundo, um importante fator para a manutenção das democracias e a defesa das liberdades.<br />
Seguindo a mesma classificação que o estudo anterior, o relatório de 2015 37 classificou o Brasil como um país<br />
“Parcialmente Livre”, com uma pontuação de 45/100 numa escala de 0 (mais livre) a 100 (menos livre), ficando<br />
na 90ª posição mundial numa lista de 199 países, enquanto que a Noruega e a Suécia encabeçam a lista com<br />
10/100 pontos e a Coréia do Norte está novamente na última posição, com 97/100 pontos. O relatório elogiou as<br />
leis de acesso à informação e o Marco Civil da Internet, mas apontou como os principais problemas brasileiros a<br />
violência contra jornalistas e ativistas – inclusive com um elevado número de assassinatos -, o excesso de<br />
processos judiciais contra a imprensa e redes sociais, o elevado grau de concentração de propriedade das grandes<br />
mídias e o excesso de políticos proprietários de meios de comunicação.<br />
Um terceiro estudo da Freedom House é o Freedom on the Net (Liberdade na Rede), que mede a liberdade da<br />
Internet no mundo. Seguindo a mesma classificação que os dois estudos anteriores, o relatório de 2015 38<br />
classificou o Brasil como um país “Livre”, com uma pontuação de 29/100 numa escala de 0 (mais livre) a 100<br />
(menos livre), enquanto que a Islândia é a melhor colocada com 6/100 pontos e a China está em última com<br />
88/100 pontos – mas é importante notar que apenas 65 países foram avaliados neste estudo. O relatório elogiou<br />
o Marco Civil da Internet, mas apontou que ainda há questões que precisam de regulamentação; as críticas se<br />
concentraram na grande quantidade de pedidos de remoção e censura de conteúdo da rede durante as eleições<br />
de 2014 e o elevado índice de processos judiciais, intimidação e violência contra pessoas que publicam conteúdo<br />
na Internet, em especial o assassinato de bloggers que fazem denúncias e jornalismo investigativo.