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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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“Aos oprimidos é permitida uma vez a cada alguns anos decidir quais representantes em particular da classe<br />

opressora irão representá-los e repremi-los.”<br />

Karl Marx (1818 - 1883), filósofo e economista alemão<br />

“A principal marca dos governos modernos é que nós não conhecemos quem governa, de facto mais do que de<br />

jure. Nós vemos o político mas não o seu apoioador financeiro; menos ainda o apoiador do apoiador; ou, o que é o<br />

mais importante de tudo, o banqueiro do apoiador.”<br />

John Ronald Reuel Tolkien (1812 – 1973), escritor britânico<br />

Para entender o sistema político de um país é fundamental entender o seu sistema eleitoral, pois o resultado das<br />

eleições está diretamente relacionado às regras eleitorais: quais os critérios para alguém ser um eleitor ou<br />

candidato, como os votos são contados e como as vagas são distribuídas. Mesmo que as pessoas votem<br />

exatamente nos mesmos candidatos, os resultados das eleições podem ser muito diferentes dependendo do<br />

sistema eleitoral adotado. E não é só isso: o próprio sistema eleitoral influencia como e em quem as pessoas<br />

votam.<br />

De acordo com o relatório Electoral System Design 31 (Desenho de Sistemas Eleitorais) da organização<br />

intergovernamental International Institute for Democracy and Electoral Assistance (IDEA), existem no mundo mais<br />

de 12 tipos de sistemas eleitorais agrupados em 4 grupos, e cada um destes sistemas podem ter variações em<br />

suas aplicações. Existe então uma quantidade muito grande de maneiras de se realizar uma eleição, mas não<br />

existe um modelo perfeito, pois se houvesse ele já teria sido identificado e amplamente adotado; todos os<br />

modelos eleitorais acabam gerando algum tipo de distorção ou problema, e o objetivo deve ser adotar o modelo<br />

mais adequado para cada sociedade e representação desejada.<br />

E daí surge uma armadilha que muitos brasileiros insistem em cair: adotar sistemas eleitorais de países com<br />

sistemas políticos mais maduros. É claro que um sistema eleitoral ruim deve ser ajustado, mas não se deve pensar<br />

nele como um produto de importação - as realidades políticas e sociais brasileiras são únicas, assim como são as<br />

de todos os outros países. O sistema eleitoral mais adequado ao Brasil é aquele que funciona melhor aqui, que<br />

provavelmente é este que temos e que vem se desenvolvendo ao longo de toda a história política do país e sobre<br />

o qual conhecemos os defeitos e virtudes. Além disso, mudar o sistema eleitoral para alguma fórmula “mágica”<br />

não resolverá os problemas políticos, que vão muito além de como os candidatos são escolhidos e passam por<br />

questões bem mais complicadas e estruturais.<br />

É claro que discutir todos os sistemas eleitorais existentes não caberia neste <strong>livro</strong>, por isso vamos nos concentrar<br />

nos sistemas usados no Brasil, que são: o majoritário e o proporcional de lista aberta.<br />

O sistema majoritário é usado para eleger os chefes do Executivo (presidente da República, governadores e<br />

prefeitos) e os senadores. Já o sistema proporcional de lista aberta é usado para eleger os deputados federais,<br />

deputados estaduais e distritais e os vereadores. Eles serão explicados em maior detalhe logo a seguir.<br />

O tempo de mandato para todos os cargos é de quatro anos, com exceção dos Senadores, que tem oito anos de<br />

mandato e que cobrem duas legislaturas. Os chefes do Executivo podem ser reeleger apenas uma vez em eleições<br />

consecutivas para o mesmo cargo, mas não há limite para eleições não consecutivas; os parlamentares podem se<br />

reeleger sem restrições.

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