O livro Urgente Da Politica Brasileira
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Também é interessante verificar os resultados do Human Freedom Index (Índice da Liberdade Humana),<br />
produzido pelo Fraser Institute e pelo Cato Institute, instituições canadense e norte-americana, respectivamente.<br />
Este estudo analisa a liberdade de uma maneira bastante ampla, incluindo aspectos da liberdade pessoal e da<br />
liberdade econômica. No relatório de 2012 39 o Brasil ficou com um índice de liberdade humana de 6,82/10 pontos<br />
- sendo que 0 pontos é menos livre e 10 pontos é mais livre - alcançando a 82ª posição entre 152 países<br />
analisados, enquanto a lista é encabeçada por Hong Kong com 9,04/10 pontos e o último colocado é o Irã com<br />
4,48/10. O índice de liberdade humana é a média de dois outros índices, o de liberdade pessoal e o de liberdade<br />
econômica, para os quais o Brasil obteve 7,02/10 e 6,61/10 pontos, respectivamente. Neste estudo o Brasil se<br />
destacou nos aspectos humanos pela garantia das liberdades individuais, mas foi muito prejudicado pelos baixos<br />
níveis de segurança pública e aplicação da lei e da Justiça. Nos aspectos econômicos o Brasil obtém uma boa<br />
avaliação da política monetária, mas é excessivamente penalizado pelo sistema judicial problemático e o excesso<br />
de regulação do mercado de trabalho e dos empreendimentos; na avaliação das liberdades econômicas<br />
surpreendentemente o Brasil ficou atrás da China – um país comunista que começou a liberalizar sua economia<br />
há poucas décadas – e da Rússia – que até há pouco tempo tinha uma economia predominantemente estatal.<br />
Com foco nas liberdades econômicas, o estudo Index of Economic Freedom (Índice da Liberdade Econômica) do<br />
Wall Street Journal e do The Heritage Foundation - uma organização de estudos conservadores nos Estados<br />
Unidos – classifica a liberdade econômica dos países em cinco categorias: “Livre”, “Predominantemente Livre”,<br />
“Moderadamente Livre”, “Predominantemente Não Livre” e “Reprimida”. No relatório de 2016 40 o Brasil recebeu<br />
56,5/100 pontos - de uma escala em que 0 é menos liberdade e 100 é mais liberdade - ficando na 122ª posição<br />
entre 178 países. Com esta pontuação o Brasil é classificado como uma economia “Predominantemente Não<br />
Livre”, bastante atrás de países vizinhos como Uruguai, Chile, Colômbia e Paraguai e abaixo da média mundial.<br />
Neste estudo o Brasil consegue os melhores números nas liberdades fiscal, de negócios e de comércio, mas é<br />
bastante ruim na defesa dos direitos de propriedade, na ausência de corrupção e na liberdade financeira. O<br />
relatório também identifica como problemas brasileiros o mau gerenciamento das contas públicas e a baixa<br />
eficiência da regulamentação governamental.<br />
Pode-se concluir, analisando os resultados destes estudos, que o Brasil apresenta níveis um pouco acima da<br />
média para as liberdades civis e políticas – em um nível bem melhor do que a maioria dos países no mundo-,<br />
enquanto que tem desempenhos medíocres para as liberdades econômicas.<br />
Mas porquê o Brasil deixa tanto a desejar em relação às liberdades econômicas? Além dos monopólios e<br />
segmentos que precisam de concessão estatal, existe um emaranhado de burocracia que cerca o ambiente de<br />
negócios – autorizações, alvarás, permissões, legislação tributária complexa -, o que é admitido pelo próprio<br />
governo que de vez em quando lança programas como o “Simples” que tenta abrir um atalho para os pequenos<br />
negócios, mas que não resolve o problema de forma ampla e definitiva, além de desestimular o crescimento<br />
destas empresas. O problema da regulamentação apontado por estes estudos não é puramente o excesso de<br />
regulamentos, mas principalmente a sua baixa qualidade e aplicação precária; neste quesito um Judiciário lento,<br />
caro e pouco confiável prejudica enormemente a economia. Além disso, a legislação trabalhista é bastante<br />
abrangente e específica em suas regulamentações, o que a torna muito rígida e acaba proibindo acordos e<br />
condições que muitas vezes seriam preferidos por ambos os empregados e empregadores. Num ambiente com<br />
maior liberdade econômica é muito mais fácil para empresas de qualquer tamanho empreender em qualquer<br />
setor, desde uma grande corporação ao vizinho da esquina que decidiu fabricar doces e bolos.<br />
18. O BRASILEIRO E SUA RELAÇÃO COM O ESTADO<br />
“Nunca faça algo contra a sua consciência mesmo que o Estado demande isso.”<br />
Albert Einstein (1879 - 1955), físico e filósofo alemão-americano<br />
“Aqueles que não conhecem a história estão condenados a repeti-la.”<br />
Edmund Burke (1729 - 1797), filósofo e estadista irlandês