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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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epublicanos. Perceba que de todos os tipos de corrupção listados a seguir nem todos são ilegais, mas com<br />

certeza são imorais e corruptores do sistema. Vejamos:<br />

Propina: É o pagamento dado a uma autoridade do governo em troca do uso dos seus poderes. Este pagamento<br />

não precisa ser em dinheiro e contempla vantagens como viagens, presentes, propriedades e assim por diante. O<br />

pagamento pode ser exigido sob ameaça. A autoridade do governo pode ser um funcionário público ou uma<br />

autoridade eleita.<br />

Comissão: É um tipo de propina em que se combina de antemão um valor a ser repassado para o recebedor da<br />

comissão (geralmente um funcionário público) em troca de facilitar concorrências fraudulentas com preços<br />

superfaturados para o pagador da propina (geralmente uma empresa). A diferença fundamental em relação à<br />

propina é que a comissão é usada para aliciar o recebedor da propina, e, portanto, há conluio entre as partes,<br />

enquanto que uma propina pode ser exigida usando-se ameaças.<br />

Fisiologismo: É uma troca de favores em que se troca apoio político pela nomeação de “amigos” a cargos de<br />

autoridade, independentemente de sua qualificação. Esta é uma prática muito comum em Parlamentos e<br />

frequentemente usada para costurar alianças políticas, na maioria das vezes unindo partidos que não tem<br />

nenhuma similaridade programática ou ideológica. É uma das práticas preferidas no Brasil: muitos partidos<br />

pequenos são jocosamente chamados de “partidos de aluguel”, pois sempre estão ávidos para trocar apoio no<br />

Legislativo em troca de cargos no Executivo, ao mesmo tempo em que não possuem propostas políticas claras<br />

visando facilitar a negociação com quem quer que esteja atualmente no governo. No entanto, esta prática<br />

também acontece com partidos grandes, cujas bancadas no Legislativo podem definir a maioria nas votações. É<br />

óbvio que todos os partidos acusados de tais práticas negam o rótulo de “fisiologistas”.<br />

Mandonismo: É quando um indivíduo (chamado de mandão, chefe, coronel, etc.) controla algum recurso<br />

estratégico, como grandes propriedades de terra, que o permite dominar a população da região sob os aspectos<br />

político e econômico; ou seja, é uma espécie de invasão privada do poder público. O coronelismo é um sistema<br />

mandonista no qual o coronel usa o seu poder local para apoiar o poder central e garantir uma governabilidade;<br />

foi um sistema prevalente durante a República Velha (1898-1930), mas que ainda mostra traços em regiões<br />

menos desenvolvidas do país.<br />

Clientelismo: É a troca de bens e serviços por apoio político. A relação é estabelecida entre o patrono e o cliente,<br />

em que o patrono distribui benefícios e vantagens a um grupo ou indivíduos em troca de apoio político. Podem<br />

ser encaixadas aqui as promessas de vantagens a algum grupo usando o dinheiro público. É o famoso “toma lá, dá<br />

cá”. Programas sociais são frequentemente acusados de clientelismo por seus opositores.<br />

Padronado: É o favoritismo pelo grupo ou partido que está no poder aos grupos ou pessoas que os apoiaram nas<br />

eleições, usando-se presentes ilegais ou contratos fraudulentos com o governo. Este tipo de corrupção é comum<br />

para “devolver” o dinheiro às empresas que ajudaram a financiar os custos de campanha durante as eleições.<br />

Nepotismo: Favoritismo para parentes ou amigos próximos, especialmente na nomeação para cargos públicos ou<br />

promoções. Este favorecimento independe da qualificação da pessoa e ocorre em detrimento de candidatos mais<br />

qualificados. Este é outro vício na lista de favoritos dos brasileiros. Em algumas regiões do país este<br />

comportamento é tão natural que se espera que um prefeito recém-empossado empregue os familiares e amigos<br />

próximos para cargos na prefeitura. Também é conhecido por “filhotismo” ou “apadrinhamento”.<br />

Patrimonialismo: É a falta de limites claros entre o público e o privado. Outro vício arraigado na relação entre os<br />

brasileiros e o Estado, em que os políticos enxergam o seu cargo como “propriedade privada” e todos os recursos<br />

associados a ele passam a estar ao seu dispor. O público torna-se parte do privado e não há regras para o seu uso.<br />

Alguns exemplos comuns são o uso de veículos oficiais para uso pessoal e utilização de funcionários públicos e<br />

infraestrutura governamental para fins particulares.<br />

Tráfico de influência: É vender a influência sobre decisões do governo para beneficiar pessoas ou organizações.<br />

Este comportamento é uma zona cinzenta, pois é difícil determinar até que ponto é legítimo em uma democracia<br />

que grupos exerçam pressão nas decisões governamentais visando os seus próprios interesses, e ao mesmo

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