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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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Não há um modelo melhor que o outro, mas sim o mais apropriado a cada Estado. O Reino Unido é um ótimo<br />

exemplo de democracia majoritária e a Suíça exemplifica muito bem uma democracia consensual, e ambos são<br />

referência em tradição democrática e governos estáveis. As diferenças fundamentais estão no entendimento de<br />

como deve operar uma democracia, e estas podem até ser antagônicas, mas no final acabam cumprindo a tarefa<br />

de representar a vontade da população. Além disso, é claro que as tradições políticas e institucionais de cada<br />

Estado influenciam no modelo de democracia usado.<br />

É importante entender que estes são apenas modelos e a análise dos sistemas existentes mostrará que a maioria<br />

dos casos situa-se em algum lugar entre o modelo majoritário e consensual, ou seja, o mais comum é que os<br />

sistemas apresentem características de ambos, embora um dos modelos acabe prevalecendo. É interessante ter<br />

um entendimento superficial destes modelos para depois analisarmos o caso brasileiro, que, já adianto, é uma<br />

democracia consensual. O modelo da democracia consensual ajudará a explicar muitas das instituições e<br />

características de nossa democracia.<br />

A democracia majoritária se preocupa em definir uma maioria que concentra todo o poder e governa, restando à<br />

minoria criticar o governo até as próximas eleições. Esta maioria pode ser determinada de forma ampla – quando<br />

a opção vencedora tem uma grande margem de apoio sobre a derrotada - ou estreita - a opção vencedora recebe<br />

um apoio pouco maior à da derrotada. É um esquema em que o vencedor leva tudo e ao perdedor não há<br />

chances de participação, o que favorece a governabilidade uma vez que não são necessárias alianças para<br />

governar, mas prejudica a participação das minorias nas decisões. Este tipo de democracia é mais apropriado em<br />

países homogêneos, com poucas diferenças étnicas, religiosas e de visões políticas, o que normalmente ocorre<br />

em países de pequena extensão e população.<br />

A democracia consensual, por outro lado, busca incluir o maior número de pessoas nas decisões políticas,<br />

respeitando, é claro, as decisões da maioria. É um esquema que tende a partilhar o poder e incentivar a criação<br />

de alianças, o que adiciona complexidade às decisões políticas e pode criar dificuldades para a governabilidade.<br />

Este tipo de democracia é mais apropriado a países heterogêneos, com diferenças étnicas, linguísticas e religiosas,<br />

o que normalmente ocorre em países extensos e populosos, como o Brasil, mas pode ocorrer em países pequenos<br />

como a Bélgica e a Suíça.<br />

#DEFINIÇÕES: É importante entender o que são as maiorias e minorias neste contexto. As minorias não são<br />

necessariamente grupos étnicos, religiosos ou sociais que são pequenos perante o resto da sociedade. Minorias<br />

são os grupos que não conseguem estabelecer uma maioria sobre algum assunto, votação ou nas bancadas do<br />

Legislativo. Por exemplo, se há um plebiscito e um eleitor vota “Sim” e esta opção perde, então ele faz parte da<br />

minoria. Se num Legislativo a oposição tem menos deputados que a situação (aqueles que apoiam o governo<br />

atual) ela é a minoria; mas a situação poderia ser reversa: a oposição poderia ser a maioria e a situação a minoria.<br />

As tabelas 6 a seguir sumarizam as características de democracias majoritárias e consensuais. A primeira tabela<br />

reúne os aspectos relacionados ao Poder Executivo e o sistema eleitoral, e a segunda aborda aspectos<br />

relacionados aos governos unitários e federações.

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