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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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<strong>Da</strong>s formas de participação convencional a mais conhecida e exercitada é voto em eleições regulares, que no<br />

Brasil ocorrem a cada dois anos. Discutiremos mais à frente sobre como votar melhor.<br />

Outra forma de participação menos usual é votar em plebiscitos e referendos. Os casos mais marcantes da<br />

história recente do Brasil foram o plebiscito de 1993 para escolher a forma e o sistema de governo do Brasil, no<br />

qual a República Presidencialista ganhou, e o referendo de 2005 sobre a proibição da comercialização de armas<br />

de fogo e munições no Brasil, no qual a não proibição venceu.<br />

#DEFINIÇÕES: A diferença entre plebiscito e referendo é que o plebiscito é convocado antes da criação da norma<br />

sobre o assunto em questão, ou seja, o povo decide sobre o assunto e só depois a lei ou a regulamentação é<br />

criada, enquanto que no referendo a norma já está pronta, e a população deve somente referenda-la ou não.#<br />

Outro instrumento importante de participação política prevista na Constituição desde 1988 é a Lei de Iniciativa<br />

Popular, pela qual a população pode apresentar um projeto de lei à Câmara dos Deputados que fica obrigado a<br />

analisá-lo. Mas este caminho de participação não é tão simples: é necessário conseguir a assinatura de 1% do<br />

eleitorado nacional, com a representação de pelo menos 5 estados-membros e cada um com pelo menos 0,3% de<br />

seus eleitores; no final é necessário um pouco menos de um milhão e meio de assinaturas. No Brasil é mais fácil<br />

criar um partido político, que necessita de menos de meio milhão de assinaturas de apoio. Mas mesmo com a<br />

burocracia, cinco projetos de Lei de Iniciativa Popular já foram aprovados, incluindo a chamada Lei da Ficha Limpa<br />

que impede que políticos condenados pela justiça concorram às eleições.<br />

Há ainda outro dispositivo comum em democracias, mas que não está previsto na Constituição <strong>Brasileira</strong>,<br />

chamado recall, revogação de mandato ou referendo revogatório. Por meio deste dispositivo os eleitores podem<br />

revogar o mandato de um indivíduo eleito, tanto do Executivo quando do Legislativo, por incompetência, má<br />

administração, inoperância ou outro motivo que desagrade aos eleitores - não é necessário que se comprove<br />

algum tipo de crime - a um ponto em que eles se sentem motivados a angariar o apoio de uma parcela<br />

significativa do eleitorado para destituí-lo do cargo. É importante não confundir este dispositivo com o<br />

impeachment, que é um processo do Legislativo para destituir o chefe do Executivo e que deve ser baseado em<br />

alguma denúncia de crime.<br />

Por fim, o cidadão pode filiar-se a um partido político e participar das suas decisões internas, que geralmente são<br />

decididas por meio de eleições nos diretórios locais, e quem sabe até se candidatar a algum cargo. O cidadão<br />

pode ainda reunir outras pessoas que pensem como ele e criar um partido político; entretanto, se quiser disputar<br />

eleições deverá estar disposto a enfrentar o processo burocrático de coleta de assinaturas para conseguir o<br />

registro no TSE.<br />

Entre as formas de participação alternativa na política o cidadão pode e deve acompanhar as atividades dos<br />

políticos eleitos, nem que seja somente daqueles em quem votou. E nunca foi tão fácil fazer isso! Com a Internet<br />

ficou muito prático acompanhar as atividades dos políticos, especialmente na esfera federal que se passa muito<br />

longe do domicílio da maioria da população. Para ajudar nesta tarefa existem alguns sites que compilam<br />

informações de diversas fontes e fornecem um panorama da atividade de cada político. Estes sites estão listados<br />

na lista da Parte V deste <strong>livro</strong>.<br />

Outra atividade similar é controlar as atividades dos governos, especialmente no nível municipal. Para isto é<br />

necessário acompanhar as pautas legislativas e controlar algumas atividades do Executivo, especialmente as<br />

licitações e outros gastos. A Lei de Acesso à Informação (LAI) é importantíssima para este controle. No entanto,<br />

esta atividade já exige um tanto de conhecimento dos procedimentos públicos e maior tempo disponível, além de<br />

ser mais bem executada em grupo do que individualmente, até porque quando se acha coisas erradas e deve-se<br />

confrontar o poder público, é sempre melhor fazer isto em grupo. Ótimos exemplos deste tipo de iniciativa, com<br />

resultados concretos e incrivelmente positivos, são os realizados pela AMARRIBO e pelos Observatórios Sociais,<br />

listados na Parte V deste <strong>livro</strong>.<br />

O cidadão também pode exercer a sua cidadania fazendo parte de organizações não governamentais ou<br />

associações da sociedade civil ligadas às comunidades, à política e à gestão pública. Alguns exemplos são

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