O livro Urgente Da Politica Brasileira
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ou perdeu a motivação para participar da política, enquanto que em países com mais tradição democrática esta é<br />
uma atividade corriqueira da vida em sociedade. Mas esta participação política não é somente na política<br />
partidária, que o brasileiro até abraça algumas vezes com paixão, mas sim a política em seu sentido mais amplo,<br />
aquela que discute programas de governo e monitora as atividades dos governos e mandatários.<br />
Sem saber como participar, além de criticar governos, políticos e partidos, o cidadão prefere se recolher à sua<br />
vida privada, tornando-se verdadeiros idiotas.<br />
#DEFINIÇÕES: Para os gregos antigos o idiota é a pessoa que vive no seu mundo privado, centrado em si mesmo,<br />
que se importa somente com a sua vida e não com o coletivo ou a sociedade. Esta atitude se opõe à cidadania.<br />
Então não seja um idiota e continue a ler este <strong>livro</strong>!#<br />
Muitas pessoas acreditam na falácia de que o futuro será sempre melhor, que o progresso sempre levará a<br />
sociedade a mais prosperidade e avanços políticos e sociais, sempre impulsionada pelos constantes avanços<br />
tecnológicos e científicos que acabarão por achar as respostas aos problemas. Participar torna-se supérfluo, pois<br />
se acredita que a evolução caminha inexoravelmente para frente. Mas não é bem assim, e mudanças nem sempre<br />
são para melhor: para provar, existem dezenas de histórias de países que retrocederam assustadoramente rápido<br />
e hoje se encontram em situação tão caótica que é difícil acreditar em sua prosperidade recente. Lembre-se:<br />
evolução significa mudança, e não melhoria: doenças evoluem e pessoas evoluem para óbito.<br />
As campanhas de conscientização para incentivar as pessoas a participarem são importantes, mas não mudarão<br />
tudo, do mesmo jeito que campanhas para não usar drogas ou dirigir embriagado não acabaram com estes<br />
problemas. A resposta virá de uma mudança cultural que ajudará a mudar a nossa triste cultura política, que por<br />
sua vez é o único caminho para solucionar nossos graves problemas sociais. Não é pela via econômica que os<br />
problemas mais graves da sociedade se resolverão - embora esta seja muito importante –, mas sim pela revisão<br />
dos nossos valores políticos.<br />
19.1. DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA<br />
“Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem.”<br />
Bertolt Brecht (1898 - 1956), escritor alemão<br />
“Política é um assunto muito sério para ser deixado aos políticos.”<br />
Charles de Gaulle (1890 - 1970), militar e estadista francês<br />
Participação política e democracia são assuntos que andam juntos. Afinal, qual o sentido de haver uma<br />
democracia com sufrágio universal se não há participação da população na política além do voto? Numa<br />
democracia não basta ser um cidadão respeitador e pagador de impostos. A democracia não é para espectadores<br />
e o seu custo é a participação política. Mas não é qualquer participação.<br />
Quando as pessoas defendem veementemente ideias que não entendem ou participam de grupos nos quais são<br />
apenas massa de manobra de grupos de interesse, elas causam mais mal do que bem. A participação democrática<br />
exige conhecimento de causa, exige que as pessoas entendam o que estão defendendo e as consequências de<br />
sua adoção. Democracia, portanto, exige participação com conhecimento de causa.<br />
Nos últimos anos o brasileiro aumentou bastante a sua participação, mas infelizmente a maioria ainda tem pouco<br />
conhecimento do que está falando ou as consequências de determinadas políticas públicas. Duvida? A próxima<br />
vez que você ouvir algum conhecido defendendo alguma ideia política ou política pública, peça mais detalhes e<br />
veja se ele está bem fundamentado ou se apenas repete o que ouviu em algum lugar. Se puder, mostre este <strong>livro</strong><br />
a esta pessoa para ajudar a convencê-la da importância de entender realmente tais assuntos.<br />
E é claro que a participação política numa democracia não poderia deixar de lado o seu clímax, o voto. Mesmo<br />
com a obrigação de ir às urnas apenas a cada dois anos, muitos eleitores reclamam do compromisso; é até<br />
comum ouvir que alguém votará no candidato que está na frente das pesquisas só para evitar um segundo turno<br />
e não precisar voltar depois de 15 dias. Se o brasileiro na hora de votar age como se estivesse diante de uma