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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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associações de bairros, grupos de discussão sobre os problemas da comunidade ou sobre questões políticas,<br />

grupos de defesa do meio-ambiente, entre outros. Outros grupos já podem ter alguma ligação com instituições<br />

estatais, como aquelas que auxiliam, apoiam e cooperam com os governos para melhorar a gestão pública e achar<br />

soluções para os problemas da cidade, além daquelas que exercitam o controle dos governos, como explicado no<br />

parágrafo anterior. Algumas destas organizações estão listadas na Parte V deste <strong>livro</strong>.<br />

Outro tipo de participação política é fazer lobbying, que é basicamente exercer pressão política sobre os<br />

representantes eleitos - tanto do Legislativo quanto do Executivo - em prol de alguma causa. O lobbying<br />

geralmente é realizado por grupos de pressão que defendem algum interesse, desde interesses corporativos,<br />

como os da indústria do tabaco ou de planos de saúde, a até ativistas de direitos humanos ou ambientalistas. A<br />

atividade de lobbying e os profissionais que se dedicam a ela normalmente têm uma reputação bastante ruim,<br />

pois são geralmente associados à corrupção política e ao curvamento da democracia a interesses particulares e ao<br />

dinheiro, sempre à custa do resto da sociedade. Enquanto isto pode ser verdade para muitos casos, que devem<br />

ser investigados e punidos, o lobbying em si não é ilegal e é até desejável, pois abre mais um canal de<br />

comunicação entre os representantes eleitos e os setores da sociedade que são afetados por alguma proposta<br />

governamental que está sendo analisada. No Brasil esta atividade ainda não é regulamentada, apesar de<br />

existirem propostas de lei para isso, enquanto que nos Estados Unidos ela é regulamentada há muito tempo e é<br />

parte da vida política do país, o que garante uma maior transparência e controle das atividades dos lobistas.<br />

Nesta linha de participação existe um canal moderno de exercer pressão que são os abaixo-assinados na Internet,<br />

que funcionam como uma espécie de grupo de pressão. Existem alguns sites especializados, como a Avaaz.org e a<br />

Change.org – entre outros -, em que é possível subscrever de maneira rápida e fácil a alguma causa. Como estes<br />

sites permitem o cadastro de petições por qualquer usuário, deve-se tomar cuidado e filtrar aquelas que<br />

realmente fazem sentido. É claro que muita gente é cética sobre este tipo de participação: afinal, como uma<br />

assinatura “online” vai afetar algo na vida real? De fato, nenhum político vai tomar alguma ação somente porque<br />

alguém fez uma petição na Internet e conseguiu alguns milhares de assinaturas. No entanto, se estas petições<br />

virtuais forem aliadas a algum ativismo real surtem efeito. Os políticos são muito sensíveis à pressão popular e<br />

uma lista com milhares ou milhões de assinaturas entregues a eles em frente à imprensa vai fazê-los pensar com<br />

mais carinho no assunto.<br />

Outra forma de participar que normalmente é despercebida pelas pessoas é entrar em contato diretamente com<br />

os políticos. Nos municípios este contato direto é muito mais fácil pela proximidade e pode-se ajudar a resolver<br />

muitas questões com visitas às câmaras dos vereadores e à prefeitura. Já os governos estaduais e o federal estão<br />

longe do domicílio da maioria das pessoas, mas com a Internet ficou mais fácil interagir, sugerir projetos ou<br />

cobrar promessas de campanhas. Nos sites das instituições (como as casas legislativas) costumam haver canais de<br />

relacionamento e uma lista com o endereço de email e telefone do gabinete de cada parlamentar. Como<br />

exemplos de canais de relacionamento o Senado possui o serviço “Alô Senado” (telefone 0800-61-2211) e a<br />

Câmara dos Deputados oferece o “Disque Câmara” (telefone 0800-61-9619).<br />

Os protestos e manifestações também são um tipo de atividade política bastante comum; com as redes sociais<br />

ficou ainda mais fácil organizá-los e eles se tornaram evento comum em algumas avenidas de grandes cidades.<br />

Além das manifestações de apoio genérico a esta ou aquela causa, elas também são usadas pela população para<br />

reivindicar algo, mas que nestes casos podem ou não conseguir algum resultado concreto dependendo de como<br />

são conduzidas. O problema é que quando as manifestações têm uma pauta vaga ou difusa é muito difícil usá-las<br />

para pressionar alguma instituição ou para algum político atendê-las. Exigências como o fim da corrupção,<br />

serviços de saúde e educação melhores e outras aspirações semelhantes são legítimas, mas dificilmente<br />

acarretarão algum resultado prático. Uma manifestação para ter resultado deve focar em algo específico, que<br />

seja factível e determinável, como a aprovação de um projeto de lei, uma decisão de um tribunal, um decreto do<br />

Executivo e assim por diante.<br />

Um bom exemplo de manifestações de reivindicação foi a campanha conhecida como Diretas Já (1983-84), que<br />

reivindicava a aprovação Proposta de Emenda Constitucional número cinco que viabilizaria a votação direta para

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