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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo em Brasília. Por Uri Rosenheck, usado sob uma licença Creative<br />

Commons.<br />

Mas há outro motivo para entender esta supervalorização do Executivo no Brasil, especialmente quanto ao cargo<br />

de presidente da República. Afinal, após regimes autoritários como o Estado Novo (1937-1945) e o regime militar<br />

(1964-1981) em que o Executivo ganhou superpoderes e se sobrepunha ao Legislativo e ao Judiciário, acabou<br />

ficando no imaginário do brasileiro que o presidente da República manda em todo o governo, inclusive nos<br />

estados e municípios. O presidente da República se tornou quase um semideus, onipresente e onipotente, capaz<br />

de resolver qualquer problema que ele quiser. Não só esta visão é irrealista, pois o presidente da República não<br />

consegue mudar muita coisa sem o aval do Legislativo, como é prejudicial por remover do imaginário popular<br />

muito da responsabilidade que é do Legislativo.<br />

Mas infelizmente este esvaziamento da responsabilidade do Legislativo não ocorre somente por conta dos olhos<br />

do povo. O próprio Legislativo, especialmente no nível federal, deixa muito da atividade de legislar para o<br />

Executivo, especialmente sobre aqueles assuntos pelos quais não quer pagar o ônus político de propor uma<br />

solução impopular, ou ainda pela conveniência de se eximir de culpa de uma política pública que dê errado. Isto<br />

acaba tornando o Executivo o maior legislador do país, uma vez que a maior parte das leis aprovadas (cerca de<br />

80% 12 ) são propostas por ele, enquanto as leis propostas pelos legisladores acabam paradas em enormes filas de<br />

espera. Isto ocorre porque o Executivo tem a prerrogativa de enviar projetos de lei e medidas provisórias para a<br />

apreciação da Câmara dos Deputados que é obrigada a analisá-las em caráter de urgência, o que acaba deixando<br />

os projetos dos próprios legisladores para trás e enfraquecendo mais ainda a sua nobre atividade de legislar. Esta<br />

situação pode ser interpretada como uma distorção das funções dos poderes, mas é um arranjo aceito por ambas<br />

as partes e até visto com bons olhos, pois favorece a governabilidade.<br />

No caso do Executivo Federal é interessante notar a presença de dois órgãos peculiares. Um deles é a Advocacia<br />

Geral da União (AGU), que representa a União em qualquer caso judicial e assessora o Poder Executivo em<br />

questões jurídicas. O outro é a Controladoria Geral da União (CGU), um órgão de auditoria interna que fiscaliza a<br />

aplicação dos recursos federais pelos municípios.<br />

Presidencialismo de coalizão

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