O livro Urgente Da Politica Brasileira
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Nicolau Maquiavel (1469 - 1527), político e filósofo italiano<br />
O sistema proporcional é geralmente mais obscuro para a população, pois exige o conhecimento de uma<br />
quantidade maior de regras e a realização de algumas contas para determinar os eleitos. O sistema adotado no<br />
Brasil é o sistema proporcional de lista aberta. Este sistema é usado para eleger os deputados federais,<br />
deputados estaduais e distritais e os vereadores.<br />
Neste sistema as cadeiras no Legislativo são distribuídas aos partidos proporcionalmente aos votos obtidos por<br />
eles, independentemente da votação individual dos candidatos. Assim, se um partido conseguiu 20% dos votos<br />
válidos para a câmara dos vereadores, este ficará com 20% das cadeiras que deverão ser distribuídas entre seus<br />
candidatos a vereadores na ordem do candidato mais votado para o menos votado.<br />
O conceito é esse, mas na prática há algumas camadas a mais de complexidade. Inicialmente calcula-se o que se<br />
chama de quociente eleitoral, que é a quantidade de votos válidos obtidos na eleição para o Parlamento dividido<br />
pela quantidade de cadeiras sendo disputadas; este quociente determina a quantidade mínima de votos<br />
necessários para que um partido assuma pelo menos uma cadeira; partidos com número de votos inferior a este<br />
quociente não participam do Parlamento. A quantidade de assentos para cada partido é determinada dividindose<br />
o número de votos do partido pelo quociente eleitoral, e arredondando o número obtido. Também há regras<br />
para calcular como são definidas a posse de cadeiras que ficaram nas frações das divisões do quociente eleitoral,<br />
ou seja, quando um partido ficou com 4,6 cadeiras e outros com 3,4, assumindo respectivamente 4 e 3 assentos,<br />
sobra uma cadeira na conta que precisa ser distribuída. Mas não vamos entrar nestes detalhes aqui.<br />
Além de votar em candidatos, é possível também votar na legenda de um partido, digitando-se o número do<br />
partido na urna eletrônica e confirmando no momento de escolher um parlamentar. O voto na legenda é contado<br />
em favor do partido, o que é importante para o cálculo do quociente eleitoral e a determinação do número de<br />
assentos ocupados pelo partido; mas como o voto não foi para um candidato específico, no momento de<br />
determinar os candidatos mais votados para ocupar estes assentos o voto de legenda não tem serventia. O voto<br />
de legenda é interessante quando o eleitor tem simpatia por algum partido político, mas não conseguiu ou não<br />
quer escolher um candidato.<br />
No entanto, o sistema proporcional de lista aberta gera algumas distorções que são frequentemente lembradas<br />
quando os resultados das eleições são divulgados. Uma delas é que muitos parlamentares conseguem ser eleitos<br />
com um número baixo de votos, enquanto que candidatos muito bem votados não conseguem um assento. Isto<br />
acontece porque partidos grandes geralmente conseguem muitos votos e com isso muitas cadeiras, e acabam<br />
conduzindo ao Parlamento alguns candidatos pouco votados. Já partidos pequenos, com poucos candidatos,<br />
conseguem um total de votos menor, que muitas vezes não é suficiente para conseguir um único assento, mesmo<br />
que o seu candidato mais votado tenha conseguido um número expressivo de votos, próximo do quociente<br />
eleitoral.<br />
Esta lógica leva a algumas práticas conhecidas dos brasileiros. Uma delas: os partidos lançam um número elevado<br />
de candidatos para conseguir angariar o maior número possível de votos; mesmo que um candidato só consiga<br />
votos em seu bairro e não tenha a mínima chance de ser eleito, a sua capacidade de conseguir votos naquela<br />
localidade já é o suficiente para que o partido o lance como candidato. O resultado é um número excessivo de<br />
candidatos, muitos despreparados ou sem qualificação alguma além de serem populares em sua região, o que<br />
aumenta significativamente os custos das eleições.<br />
O passo seguinte desta lógica é os partidos “contratarem” candidatos “puxadores de votos”. Normalmente são<br />
pessoas com algum tipo de fama anterior à vida política, como artistas e jogadores de futebol, mas também<br />
podem ser políticos polêmicos que tem um eleitorado cativo, que quando são lançados como candidatos<br />
angariam um número tão grande de votos que conseguem eleger simultaneamente vários outros candidatos do<br />
mesmo partido.<br />
Agora que conhecemos estas características não muito desejáveis do sistema proporcional de lista aberta é<br />
interessante conhecer um pouco o sistema proporcional de lista fechada, que é frequentemente sugerido para