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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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Outros partidos que merecem menção são o PDT (Partido Democrático Trabalhista) e o PTB (Partido Trabalhista<br />

Brasileiro), ambos muitos próximos ideologicamente, defendendo o trabalhismo e tendo como base política os<br />

sindicatos, considerando-se herdeiros políticos de Getúlio Vargas. Já o DEM (Democratas) é um partido de direita<br />

formado pelas alas mais liberais da antiga ARENA; é um dos únicos partidos brasileiros que defende abertamente<br />

um “conservadorismo liberal” e a economia de livre mercado, mas mesmo assim com toques de intervencionismo<br />

estatal e nacionalismo.<br />

Há também os chamados partidos de aluguel, que trocam apoio político por cargos na administração e outras<br />

regalias. Geralmente são partidos pequenos, com posições políticas genéricas e centristas - que possibilitam a<br />

aliança com qualquer um que esteja no poder -, e que aceitam a filiação de qualquer político. É bastante comum<br />

que o seu fundador ou seu presidente seja considerado o “dono do partido” e que o use para os seus interesses.<br />

Este tipo de partido é mais parecido com os partidos de quadros, que ao contrário dos partidos de massa, são<br />

criados por políticos para políticos.<br />

Características marcantes<br />

É cada vez mais comum no mundo - e também no Brasil - a criação de partidos que focam em questões únicas,<br />

específicas, quase sempre transversais ao tradicional eixo esquerda-direita e por isso geralmente localizados<br />

próximos ao centro. O exemplo mais notável no Brasil é o PV (Partido Verde), focado em questões ambientais<br />

(ambientalismo) e que defende a legalização do uso da maconha.<br />

Outra tendência é o aumento de partidos de posição centrista com programas genéricos que possibilitam a<br />

mudança de discurso conforme os anseios eleitorais; além disso, evitam defender esta ou aquela causa para não<br />

alienarem potenciais eleitores. A ideia destes partidos é ter a maior base eleitoral possível e deixar as portas<br />

abertas para qualquer aliança. O resultado é que diversos partidos ficam com um discurso muito parecido, pois<br />

estão sempre defendendo as ideias populares do momento.<br />

Além da grande quantidade de partidos com programas genéricos, as coligações também atrapalham a<br />

identificação dos eleitores com as propostas partidárias. As coligações permitem que vários partidos se juntem<br />

para disputar uma eleição como se fossem apenas um. O problema é quando as coligações incluem partidos que<br />

costumam ser adversários ou tem propostas políticas bastante diversas, deixando o eleitorado confuso e<br />

tendente a votar em candidatos e não em programas partidários.<br />

Outra característica comum aos partidos brasileiros é a falta de democracia em suas decisões internas. Enquanto<br />

em outros países é costume realizar eleições internas para escolher candidatos antes das eleições e para tomar<br />

decisões importantes, no Brasil estas costumam ser determinadas por uma cúpula de dirigentes partidários que<br />

não necessariamente representa a opinião dos filiados. O resultado é que muitos partidos lançam candidatos que<br />

não tem grande apoio interno e muitas vezes estão descolados de qualquer base eleitoral, mas que são bem<br />

conectados ou tem poder dentro de seus partidos. Nas eleições o eleitorado deve se contentar a escolher entre<br />

candidatos impostos pelos partidos, alçados às suas candidaturas sem qualquer tipo de participação popular<br />

expressiva.<br />

Também é comum no Brasil uma grande mobilidade dos políticos entre os partidos. Esta infidelidade partidária é<br />

vista com maus olhos pelos críticos do sistema, mas ainda é muito popular entre os políticos. No entanto, a<br />

experiência mostra que as mudanças partidárias costumam ocorrer entre partidos de ideologias próximas, sendo<br />

raras as mudanças radicais entre partidos de lados opostos do espectro esquerda-direita. Como uma forma de<br />

diminuir o troca-troca de partidos, foram criadas regras de fidelidade partidária que definiram que assentos<br />

conquistados em eleições proporcionais (para o Legislativo, com exceção do Senado) pertencem ao partido, e não<br />

ao candidato, que ao sair poderá perder a vaga caso o partido a solicite de volta – não é um processo automático,<br />

o partido deve efetivamente solicitar a vaga. Uma exceção ocorre para os partidos recém-criados, que podem<br />

receber políticos sem o risco de estes perderem suas vagas: o político vai para o partido e leva junto a sua vaga.<br />

Para financiar todos estes partidos o Estado disponibiliza desde 1965 o Fundo Especial de Assistência Financeira<br />

aos Partidos Políticos, mais conhecido como Fundo Partidário, para financiar de modo não exclusivo as suas

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