01.04.2017 Views

O livro Urgente Da Politica Brasileira

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

matérias que passem pelo Parlamento, e não somente naquelas referentes à sua bandeira; portanto, é<br />

importante entender as ideias do candidato sobre outros assuntos.<br />

Outros candidatos levam mais a sério a doutrina realista de que vale tudo na política e “os fins justificam os<br />

meios”. Não veem problemas em desmoralizar o adversário usando acusações falsas, boatos ou criando mentiras.<br />

Também usam frequentemente a “falácia do espantalho”, que é distorcer o que o adversário falou para denegrilo<br />

ou rebater seus argumentos, ou ainda para inventar que o adversário fez promessas impopulares.<br />

Os políticos mais hábeis podem ainda usar a demagogia, que é o uso dos medos e preconceitos das pessoas, para<br />

convencê-las do seu ponto de vista ou da necessidade de tomar esta ou aquela atitude. O demagogo tenta<br />

convencer a plateia pelas emoções, o que, se ele tiver sorte, obscurecerá o lado racional dos eleitores e<br />

consequentemente evitará qualquer questionamento das suas ideias. A demagogia sempre foi usada pelos<br />

políticos e continuará em seu repertório no futuro, mas não é para qualquer um: normalmente o demagogo deve<br />

ser um orador hábil e saber defender suas ideias com convicção. Talvez o político demagogo mais famoso da<br />

história tenha sido Adolf Hitler, que conseguiu arrastar quase toda a Alemanha a defender suas ideias.<br />

Aqueles políticos que não estão no poder, mas que almejam alcançá-lo podem usar diversas táticas de oposição<br />

para prejudicar os governantes atuais, para enfim acusá-lo de incompetentes e inoperantes. Assim, nas próximas<br />

eleições poderão tentar convencer o eleitorado de que um governo seu será melhor, quando provavelmente<br />

tomará as mesmas atitudes que criticava no governo anterior. É claro que fazer oposição e fiscalizar o governo<br />

são atividades fundamentais e esperadas numa democracia, mas fazer oposição para sabotar o governo atual em<br />

detrimento da sociedade e do Estado como um plano para chegar ao poder não deveria ser uma atitude<br />

aceitável.<br />

Mas não é só a vida dos candidatos que é difícil. Uma vez eleitos, os políticos podem usar diversos artifícios para<br />

conseguir seus objetivos e se manterem no poder. Lembre-se que numa democracia o objetivo primário dos<br />

políticos é se manter no poder, e não necessariamente promover os interesses públicos. Para isto o político eleito<br />

tem à sua disposição o dinheiro público, que passa a ser investido onde aumenta as suas chances de ganhar<br />

votos, mesmo que isto signifique desperdício de recursos públicos. Quantos estádios temos a mais do que<br />

precisamos, enquanto investimentos em educação que não aparecem tanto ficam em segundo plano?<br />

Outra tática comum dos políticos eleitos é desviar a atenção do público de tudo que é inconveniente para o<br />

governo, como problemas não resolvidos ou erros cometidos. Para isto pode-se criar um escândalo na mídia, usar<br />

o ufanismo para reacender algum conflito com outro país, criar discórdias internas sobre assuntos que não são<br />

importantes ou ainda criar um evento que chame a atenção da opinião pública. Outro artifício é usar o dinheiro<br />

público para angariar apoio político de grupos e indivíduos; é muito fácil conseguir apoio político ao financiar<br />

certas organizações da sociedade civil, privilegiar certas empresas e distribuir cargos às pessoas certas; por outro<br />

lado, é muito mais difícil cooptar apoio político quando o dinheiro é escasso.<br />

Além disso, políticos são mestres em convencer a população a aceitar algo que não é bom para ela, usando<br />

argumentos travestidos de preocupação social e sinceridade. Os exemplos clássicos destas medidas são as<br />

reservas de mercado ou benesses criadas para algumas categorias profissionais ou grupos de interesse: os<br />

políticos aprovam estas medidas com a desculpa de estarem preocupados com o bem-estar destes grupos<br />

específicos, o que daria um ar de legitimidade à medida e justificaria a criação das vantagens. Mas a pergunta que<br />

não é respondida é: para a sociedade como um todo, estas medidas são benéficas? Sempre se pergunte “quem<br />

está ganhando com isso?”; se a resposta não for a sociedade como um todo, provavelmente os políticos que<br />

aprovaram a medida estavam atendendo a outros interesses.<br />

19.5. CONHECER OS ASSUNTOS POLÍTICOS E COMPARTILHAR O CONHECIMENTO<br />

“A educação faz com que as pessoas sejam fáceis de guiar, mas difíceis de arrastar; fáceis de governar, mas<br />

impossíveis de escravizar.”<br />

Peter Drucker (1909 - 2005), professor e autor austríaco sobre administração corporativa

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!