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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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PARTE IV – DA TEORIA À PRÁTICA<br />

Depois de tanta leitura chega o momento de se perguntar: Como colocar estes conhecimentos em prática? Como<br />

participar? Como mudar para melhor a política e a sociedade? É claro que o poder individual de cada cidadão é<br />

pequeno e ninguém conseguirá mudar um país sozinho. Mas se cada um fizer um pouco, especialmente visando<br />

uma mudança de cultura e mentalidade sobre cidadania, política e Estado, é possível promover grandes e<br />

definitivas mudanças.<br />

A Parte IV abordará temas que habilitarão o leitor a entender melhor o governo e a refletir sobre a sua relação<br />

com o Estado. Serão abordados os direitos e deveres do cidadão, a relação do brasileiro com o Estado. Há ainda<br />

um capítulo só sobre de onde vem e para onde vai o dinheiro que o Estado usa. Também serão explicadas as<br />

várias formas de participação política e uma breve discussão da agenda política nacional.<br />

Esta é uma parte do <strong>livro</strong> que trata de assuntos que não podem ser abordados de maneira tão objetiva quanto<br />

aqueles das partes anteriores. Portanto, reconheço que haverá traços de subjetividade no texto. Isto não é<br />

necessariamente um problema, desde que o leitor esteja ciente, tenha um pensamento crítico e use a reflexão.<br />

17. CIDADANIA: DIREITOS E DEVERES<br />

“Um decreto a reconhecer a cidadania faz-se em minutos e pode fazer-se já; um cidadão, isto é, o homem pleno e<br />

conscientemente integrado numa sociedade política civilizada leva séculos a fazer.”<br />

António de Oliveira Salazar (1889 – 1970), político e economista português<br />

Participar da vida política é exercer a cidadania. Na verdade, tanto “política” quanto “cidadania” têm etimologias<br />

quase iguais: “política” vem do grego “pólis”, que significa cidade, enquanto que “cidadania” vem do latim<br />

“civitas”, que também significa cidade. Para os antigos gregos e romanos a política estava ligada à cidade, que é<br />

onde as pessoas se reuniam para discutir os assuntos da sociedade, sendo a Ágora de Atenas o local mais famoso<br />

de debate e da democracia antiga.<br />

Mas não é todo mundo que entende cidadania como participação política. Muita gente entende cidadania<br />

somente em termos de boa educação ou ações de caridade e filantropia. Atitudes como não jogar lixo na rua,<br />

catar o cocô do cachorro, respeitar as sinalizações, não parar em vagas para portadores de necessidades especiais<br />

e idosos entre muitas outras são importantíssimas para o convívio em comunidade, devemos incentivá-las e<br />

constranger quem não se comporta assim; mas cidadania não é só isso. <strong>Da</strong> mesma forma, ações de caridade ou<br />

filantropia são igualmente importantes para a comunidade e são a expressão de nossa preocupação para com o<br />

próximo; o brasileiro exercita bastante esta atitude, talvez devido à sua tradição católica que incentiva a caridade;<br />

mas, novamente, a cidadania não se resume a este aspecto. Cidadania, acima de tudo, é participação politica.<br />

Uma boa definição dos níveis de entendimento da cidadania é dada por Jorge Maranhão do Instituto de Cultura e<br />

Cidadania 34 . Ele considera que o entendimento da cidadania se dá em etapas, que evoluem proporcionalmente à<br />

educação política dos cidadãos. Para ele há três gerações de cidadania, cada uma associada com aspectos<br />

diferentes da vida comunitária e com diferentes tipos de direitos:<br />

1ª geração: Cidadania como expressão de direitos sociais, filantropia, moral religiosa, assistencialismo.<br />

2ª geração: Cidadania como expressão de direitos civis, civilidade, urbanidade, sustentabilidade.<br />

3ª geração: Cidadania como expressão de direitos/deveres políticos, controle social de mandatos, governos e<br />

orçamentos, justiça e segurança.<br />

A diferença mais marcante entre estas gerações é o foco das pessoas em determinados tipos de direitos. Os<br />

cidadãos menos conscientes focam em seus direitos sociais, mas depois tomam consciência da importância de<br />

seus direitos civis, para finalmente se preocuparem com seus direitos políticos, os quais percebem que devem<br />

ser acompanhados de deveres políticos.

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