O livro Urgente Da Politica Brasileira
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políticos desde inclinações socialistas a oligarcas regionais. É comum ver no PMDB divisões internas, formações<br />
de grupos e blocos que disputam poder entre si, algo impensável em partidos com uma ideologia clara e comando<br />
centralizado.<br />
O PMDB tem uma posição política centrista e de sincretismo político, ou seja, concilia visões da esquerda e da<br />
direita. Este posicionamento político é bastante conveniente para formar alianças políticas, pois permite associarse<br />
com partidos centristas de ambos os lados do espectro. Mesmo sendo o maior partido do Brasil o PMDB não<br />
lança candidato à Presidência da República desde as eleições de 1998, preferindo formar alianças com o partido<br />
vencedor e negociar o seu apoio político no Congresso Nacional em troca de cargos na administração, o que<br />
ultimamente vem lhe rendendo a pecha de partido fisiológico.<br />
O PT (Partido dos Trabalhadores) é o segundo maior partido político do Brasil, tanto em termos de filiados quanto<br />
em congressistas no nível federal. O PT é um partido de esquerda, com fortes bases sindicais e defende uma<br />
política econômica desenvolvimentista, ou seja, a intervenção do Estado na economia como promotor do<br />
desenvolvimento econômico. A linha ideológica do partido desde a sua fundação e que até hoje influencia o seu<br />
discurso é de um “socialismo democrático”, mas suas políticas no âmbito federal assemelham-se mais a uma<br />
“social democracia”. Esta mudança de postura iniciou-se na eleição de Lula para presidente da República em<br />
2002, quando o partido adotou um discurso mais moderado e centrista para atrair mais eleitores. Esta mudança<br />
desagradou às alas mais à esquerda do partido, que pouco mais tarde fundaram o PSOL; uma situação<br />
compreensível, visto que o PT é um partido ideológico e centralizado, que tem uma tolerância bem menor do que<br />
outros sobre dissidências ideológicas internas. No campo das alianças políticas o PT se revelou um partido<br />
bastante pragmático, aliando-se a antigos adversários e até a partidos de direita para garantir a governabilidade e<br />
atingir os seus objetivos.<br />
O PT é um tipo de partido chamado partido de massa, que é um partido que surge de um segmento da sociedade<br />
e representa uma classe ou categoria. Os partidos de massa são caracterizados pelo discurso ideológico bem<br />
definido, a militância de seus membros e uma burocracia partidária forte.<br />
O PP (Partido Progressista) é o terceiro maior partido do país em termos de filiados. Ele é o herdeiro indireto da<br />
ARENA – após várias divisões e fusões de outros partidos, como explicado na tabela anterior -, o partido da base<br />
governista durante a ditadura militar. O PP é um partido de direita e conservador, com forte caráter nacionalista.<br />
No entanto, ao contrário do que se espera de um partido de direita, no campo econômico ele não defende o livre<br />
mercado, mas um desenvolvimentismo no modelo adotado pelo regime militar, que é mais semelhante ao<br />
modelo econômico adotado pelo PT do que de outros partidos de direita que defendem uma abertura maior do<br />
mercado nacional; isto talvez explique o fato do PP fazer parte da base governista durante o governo federal do<br />
PT.<br />
O PSDB (Partido da Social Democracia <strong>Brasileira</strong>) é o quarto maior partido brasileiro em termos de filiados e<br />
ganhou importância nacional após os dois governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Ao contrário do que<br />
muitos pensam, o PSDB é um partido de centro-esquerda que representa a social democracia, e não um partido<br />
de direita ou defensor do livre mercado. Mas a confusão não é totalmente injustificada: seguindo a tradição<br />
nacional de o discurso político ser diferente da prática, o PSDB no discurso adota um tom de “social democracia”,<br />
mas na prática defende políticas mais semelhantes a um “liberalismo social”.<br />
Além disso, a sua figura política mais famosa, FHC, fez sua carreira política e acadêmica dentro da esquerda, mas<br />
durante os seus dois governos adotou políticas econômicas neoliberais, principalmente em relação às<br />
privatizações de empresas estatais e à quebra de monopólios e reservas de mercado. Mas estas ações foram<br />
tomadas mais pela necessidade do momento do que por convicção ideológica dos políticos do partido. Em adição,<br />
toda a América Latina passava naquele momento por um período de grande força do neoliberalismo, o que<br />
certamente influenciou a política nacional. Ironicamente o socialista FHC ganhou o título de neoliberal pelos seus<br />
adversários, e neoliberal por sua vez virou a maior ofensa ideológica da política nacional: os políticos fogem desta<br />
designação como o diabo da cruz.