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O livro Urgente Da Politica Brasileira

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Sempre desconfie de qualquer informação ou notícia na Internet que não venha de uma fonte confiável, que seja<br />

apócrifa (autor desconhecido) ou que seja muito boa ou muito ruim para ser verdade (pois geralmente não é).<br />

Esta capacidade de auto publicação também é extremamente útil para a política partidária. A propaganda e as<br />

difamações na Internet vêm ganhando cada vez mais importância nas eleições e os partidos contratam equipes<br />

para atuarem nas redes em nome de seus candidatos. O eleitor deve tomar muito cuidado com as informações<br />

provenientes de partidos políticos e pessoas associadas a eles: é facílimo contorcer gráficos, manipular<br />

estatísticas, esconder fatos que não interessam e dar interpretações a acontecimentos de acordo com os seus<br />

interesses. Estes nunca são fontes confiáveis para se informar; no máximo são bons repositórios de propaganda<br />

partidária.<br />

Infelizmente a prática mostrou que as redes sociais não se tornaram a arena de discussões de ideias e de<br />

fomentação de entendimento que seus entusiastas iniciais imaginaram. Observa-se em todo mundo uma forte e<br />

perigosa polarização política reforçada pelas redes sociais. Na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil e em outros<br />

lugares as redes sociais tornaram-se o canal de popularização de ideias extremistas e de intolerância originárias<br />

de diversas circunstâncias: crises econômicas, insatisfação com a democracia, ondas imigratórias, debates de<br />

assuntos polêmicos e assim por diante.<br />

Não é difícil entender este resultado. Nas redes sociais a maioria das pessoas quer ser ouvida, mas não quer<br />

ouvir; publicam inúmeros comentários, mas não “perdem tempo” lendo os comentários dos outros. Ignoram,<br />

bloqueiam ou excluem pessoas que pensam diferente (muitas vezes que o fazem de forma igualmente polarizada)<br />

e fecham-se em suas bolhas de opiniões, reforçando as suas próprias convicções com pessoas que pensam igual<br />

ou pregando para convertidos. Sobrou pouco espaço para o debate e a convergência, nos restando uma<br />

sociedade profundamente dividida e sofrendo de um mal-estar generalizado.<br />

19.9. DEMOCRACIA PARTICIPATIVA<br />

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele<br />

não sabe que o custo de vida, o preço do grão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem<br />

das decisões políticas. O analfabeto político é tão estúpido que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a<br />

política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, a criança abandonada, e o pior de<br />

todos os ladrões, o mau político vigarista, corrompido e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”<br />

Bertolt Brecht (1898 - 1956), escritor alemão<br />

A democracia participativa, também conhecida como democracia deliberativa – mas que não deve ser<br />

confundida com a democracia semidireta - é um conjunto de mecanismos que permitem a participação da<br />

população na administração governamental. Com a democracia participativa o cidadão deixa de ser mero eleitor<br />

e torna-se um individuo participante, fiscalizador e controlador das ações governamentais.<br />

O conceito de democracia participativa é muito interessante porque devolve uma parte do poder que está nas<br />

mãos dos burocratas estatais para a população. Estes mecanismos permitem uma solidificação do conceito de<br />

democracia, ao aproximar a população dos centros de decisão e poder, o que vai muito além da simples escolha<br />

de representantes pelo voto em eleições periódicas. É claro que os representantes eleitos continuam a exercer<br />

um papel fundamental nos governos e a tomarem as decisões no final das contas, mas estes agora abrem espaço<br />

para a participação contínua dos eleitores.<br />

Com certeza o exemplo mais famoso de democracia participativa no Brasil são os Orçamentos Participativos nos<br />

municípios que começaram com algumas experiências na década de 1970 e se espalharam pelo Brasil da década<br />

de 1990. Os Orçamentos Participativos permitem que as comunidades discutam com a prefeitura quais são os<br />

problemas mais urgentes e qual deve ser a prioridade para alocação de recursos naquela área, como, por<br />

exemplo, melhorar o asfaltamento, cuidar das áreas verdes, construir um posto de saúde, instalar um semáforo<br />

ou faixa de pedestres e assim por diante.

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