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Guia Politicamente Incorreto Da - Leandro Narloch

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AP PHOTO/GLOWIMAGES<br />

Bandeiras nazistas enfeitam a fachada do Banco Germânico, em Buenos Aires, 1943.<br />

<strong>Da</strong> Alemanha de Adolf Hitler, trouxe a seguinte consideração:<br />

Um Estado organizado dedicado a uma comunidade perfeitamente organizada e também um povo perfeitamente<br />

organizado: uma comunidade em que o Estado era um instrumento do povo e onde a sua representação era, no meu<br />

julgamento, efetiva. Eu pensei que essa poderia ser a fórmula política do futuro – em outras palavras, uma democracia<br />

realmente popular, uma democracia verdadeiramente social. 237<br />

Em sua terra natal, Perón se uniu a uma turma de jovens coronéis nacionalistas e<br />

admiradores do fascismo, o Grupo de Oficiais Unidos (GOU). Em 1943, esse grupo deu<br />

um golpe de Estado (o segundo de que ele participou). Perón então ganhou um posto<br />

como secretário do Trabalho e colocou em prática suas ideias inspiradas no fascismo<br />

italiano.<br />

Entre 1945 e 1950, chegaram ao país entre 6 mil e 8 mil criminosos de guerra nazistas, fascistas e membros da<br />

Ustasha, partido croata fascista que colaborou com os nazistas. Outras fontes falam que, em 1947, 90 mil alemães<br />

gozavam de bons dias na Argentina. Entre eles estavam membros da Luftwaffe, aos quais Perón chamava de “os<br />

justicialistas do ar”. Eles receberam passaportes e cédulas de identidade em branco para preencher como achassem<br />

melhor. 238<br />

No entanto, os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) perderam a guerra para os<br />

Aliados em 1945. Como integrante do governo, Perón mostrou-se solidário aos<br />

derrotados, e a Argentina se tornou um porto seguro para nazistas. Em julho desse ano,<br />

os primeiros fugitivos nazistas chegaram a Buenos Aires dentro de um submarino, o U-<br />

530. Às 7h30 da manhã do dia 10 de julho, duas lanchas de pescadores perto de Mar del<br />

Plata avistaram a torreta de um submarino. Em seguida, uma porção de loiros que<br />

“falavam um idioma complicado” saiu da água. O comandante, então, colocou em<br />

formação no convés os 53 tripulantes e os entregou às autoridades argentinas. 239 Um mês<br />

mais tarde, apareceu o U-977. Provavelmente, ao menos outros três atracaram nas costas<br />

do país sem se anunciar, tendo sido dois deles avistados com binóculos por pelo menos<br />

duas dúzias de moradores no balneário San Clemente del Tuyú. 240 Como os ingleses e os<br />

americanos chiaram, uma comissão governamental foi nomeada para analisar o caso.<br />

Quem a presidiu foi o próprio Perón. Ele recomendou que o submarino U-530 fosse<br />

colocado “à disposição dos Estados Unidos e da Inglaterra”, mas sugeriu que a<br />

tripulação e as perícias fossem feitas pelas forças navais argentinas. 241<br />

Perón sempre odiou o Brasil, até mais do que a Inglaterra: “sempre fui contra ao que fosse britânico e, depois do<br />

Brasil, a ninguém nem a nada tenho tanta repulsão”, disse. 242<br />

No caminho que o levou às praias portenhas, o submarino U-977 pode ter realizado<br />

outras missões. Segundo um estudo de dois jornalistas argentinos, Juan Salinas e Carlos<br />

de Nápoli, o U-977 é o culpado pelo afundamento do cruzador brasileiro Bahia, que<br />

estava perto dos rochedos de São Pedro e São Paulo no dia 4 de julho de 1945. Dos 357<br />

tripulantes (incluindo quatro americanos) do barco brasileiro, apenas 36 sobreviveram.<br />

A maioria morreu de sede e desidratação após enfrentar quatro dias de sol forte em pleno<br />

oceano. Os autores argentinos acreditam que a causa do desastre foi um torpedo lançado<br />

pelos alemães. Mas a tese está longe de ter consenso, pois contrasta com o relato dos<br />

náufragos brasileiros e com as investigações da marinha do Brasil, para os quais o

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