Guia Politicamente Incorreto Da - Leandro Narloch
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Rebeldes escravos nutriam uma curiosa fidelidade à monarquia da França<br />
e, na falta dela, à Coroa espanhola, com a qual se aliaram. Diversos negros se<br />
denominavam gens du roi (“homens do rei”). Em 1793, um escravo rebelde, convidado a<br />
se unir às tropas republicanas francesas, recusou a oferta dizendo: “Estou a serviço de<br />
três reis: do rei do Congo, mestre de todos os negros, do rei da França, que representa<br />
meu pai, e do rei da Espanha, que representa minha mãe”.<br />
COM O REI NA BARRIGA<br />
Mesmo antes da revolta de 1791, grupos de escravos escolhiam reis e rainhas<br />
de sua comunidade. Esses reis escravos na América provavelmente participaram<br />
dos saques e das batalhas. No fim de 1791, tropas europeias encontraram, entre rebeldes<br />
mortos ao redor de um forte, o corpo de um escravo vestido com roupas nobres e<br />
usando uma coroa. 196<br />
196 John K. Thornton, “I am the subject of the king of Congo: African political ideology and the Haitian Revolution”, Journal of<br />
World History, volume 4, número 2, 1993, páginas 181 a 214, disponível em www.jstor.org/stable/20078560.