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Guia Politicamente Incorreto Da - Leandro Narloch

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DA DIREITA PARA A ESQUERDA<br />

Na Venezuela, entre bater aquela vontade e sentar no vaso sanitário, é preciso pedir<br />

licença ao “Libertador” Simón Bolívar pelo menos duas vezes. O herói da independência<br />

nacional, conquistada depois de 11 anos de luta em 1821, está em todos os lugares. No<br />

nome do país, a República Bolivariana da Venezuela, nas ruas, nos muros, nos cartazes e<br />

nas notas de dinheiro – a moeda nacional é o Bolívar Forte. Nas livrarias de Caracas,<br />

não há uma estante sobre a História da Venezuela, assim como há uma de História da<br />

Argentina nas livrarias de Buenos Aires ou uma de História do Brasil nas de São Paulo.<br />

Há, sim, uma sobre Temas Bolivarianos. É como se a trajetória de um país inteiro ao<br />

longo dos séculos pudesse ser resumida à vida de um único homem.<br />

Bolívar, que nasceu na Venezuela, foi o protagonista de momentos decisivos na<br />

história desse e de outros cinco países. No fim do século 18 e início do 19, período em<br />

que ele viveu, as colônias espanholas na América nutriam enorme ressentimento com a<br />

metrópole. Durante a dinastia dos Bourbon, que governou a Espanha até 1808, o controle<br />

comercial foi restringido, e os impostos, elevados. Intendentes espanhóis foram<br />

nomeados para substituir os criollos, ou seja, os nativos americanos descendentes de<br />

europeus, nos principais cargos da burocracia do Estado. 133 Sob o reinado Bourbon, os<br />

oficiais de patentes mais elevadas no exército também passaram a ser, obrigatoriamente,<br />

espanhóis. 134 As colônias eram obrigadas a importar produtos como fumo, pólvora e<br />

tecidos apenas da Espanha e era apenas para lá que deveriam exportar seus metais e seus<br />

produtos agrícolas. “Os proprietários rurais criollos procuravam mercados de<br />

exportação maiores do que a Espanha poderia oferecer. Na Venezuela, os grandes<br />

latifundiários, produtores de cacau, de anil, de fumo, de café, de algodão e de couros<br />

viam-se permanentemente frustrados pelo controle espanhol do comércio de importaçãoexportação”,<br />

escreveu o historiador inglês Leslie Bethell. 135<br />

O Panamá foi parte da Colômbia até 1903 quando seus habitantes, apoiados pelos americanos, declararam<br />

independência. O suporte dos Estados Unidos se deveu ao interesse estratégico no Canal do Panamá, em construção na<br />

época.<br />

Um dos mais ricos desses proprietários, Simón Bolívar, uniu-se aos demais criollos<br />

venezuelanos para declarar a independência e iniciar uma série de batalhas contra a<br />

Espanha. Ele atravessou os Andes com uma tropa de venezuelanos e de mercenários<br />

ingleses até a atual Colômbia. Contando sempre com a ajuda dos criollos locais,<br />

começou uma luta vitoriosa no país vizinho. Enquanto isso, Equador e Panamá<br />

declararam sua independência. Depois, Bolívar viajou rumo ao sul, para o Peru, e repetiu<br />

o feito. Subiu até o Alto Peru, atacou novamente os espanhóis e assim contribuiu para a<br />

criação de uma nova nação, batizada em sua homenagem: Bolívia. Em 1821, seguindo<br />

suas ambições, Venezuela, Colômbia e Equador se uniram em um mesmo país, a Grande<br />

Colômbia, que tinha Bolívar como presidente e ainda incluía o Panamá.

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